Mais de 200 crianças e 12 professores raptados em ataque a escola católica na Nigéria

Mais de 200 crianças foram raptadas por homens armados que atacaram hoje uma escola católica no centro-norte da Nigéria, levando ainda 12 professores, adiantou a Associação Cristã da Nigéria.

Lusa /
Audu Marte - AFP

Os homens armados que invadiram a Escola Santa Maria, na comunidade de Papiri, município de Agwara, raptaram 215 alunos e 12 professores, segundo Daniel Atori, porta-voz da secção da Associação Cristã da Nigéria (CAN, na sigla em inglês) no Estado do Níger.

"Acabei de regressar à aldeia esta noite, depois de visitar a escola, onde também me encontrei com os pais das crianças para lhes assegurar que estamos a trabalhar com o Governo e as agências de segurança para garantir que as nossas crianças são resgatadas e trazidas de volta em segurança", frisou Atori em comunicado citado pela agência Associated Press.

A Nigéria, o país mais populoso de África, é assolada pela insegurança e os raptos em massa são comuns, particularmente desde o rapto de quase 300 raparigas em Chibok, no nordeste, perpetrado em 2014 por jihadistas do Boko Haram.

"O Governo do estado do Níger (Nigéria) recebeu com profunda tristeza a perturbadora notícia do rapto de estudantes da Escola Santa Maria, na Área de Governo Local de Agwara", anunciou Abubakar Usman, secretário de Governo do Estado.

A Diocese de Kontagora, localizada no Estado do Níger, afirmou em comunicado de imprensa que homens armados invadiram a escola entre as 1h00 e 3h00 da madrugada, raptando alunas, professoras e um segurança, que foi morto.

Como medida de precaução, o governo estadual ordenou o encerramento temporário de todos os internatos da região, segundo Usman.

A polícia anunciou hoje que tinha enviado unidades táticas e militares para a região, que estão a realizar buscas nas florestas.

Este ataque ocorre poucos dias depois do rapto de 25 estudantes por homens armados do internato feminino de Maga, no Estado de Kebbi (noroeste), na noite de domingo. Segundo as autoridades, uma das meninas conseguiu escapar.

As estudantes terão sido levadas para a floresta de Birnin Gwari, no Estado de Kaduna, a leste de Kebbi, um bastião de vários gangues criminosos afiliados no grupo jihadista Ansaru.

Por enquanto, a identidade dos raptores - grupos jihadistas ou gangues criminosos - permanece desconhecida.

O Presidente nigeriano, Bola Tinubu, cancelou hoje as suas viagens internacionais e colocou as forças de segurança do país em alerta máximo.

A Nigéria estará representada na cimeira do G20 na África do Sul pelo seu vice-presidente, Kashim Shettima.

Os dois raptos, bem como o ataque a uma igreja na terça-feira em Eruku (oeste da Nigéria), ocorrem numa altura em que o presidente norte-americano, Donald Trump, ameaça intervir militarmente na Nigéria devido a alegações de que os cristãos do país estão a ser perseguidos.

Esta retórica está a ser propagada em Washington por políticos conservadores e grupos de defesa dos direitos cristãos.

Abuja nega as acusações, mas afirma estar em negociações com o Governo dos EUA sobre a cooperação em matéria de segurança e específica que os ataques afetam os nigerianos independentemente da sua religião.

O ataque à igreja de Eruku durante um culto transmitido em direto fez dois mortos, segundo as autoridades locais.

Segundo o secretário da igreja, Michael Agbabiaka, os agressores também raptaram "35 pessoas", número que a polícia não confirmou.

A Nigéria está dividida entre um norte predominantemente muçulmano e um sul maioritariamente cristão.

Gangues criminosos, chamados de "bandidos" pela população local, aterrorizam há anos as regiões noroeste e centro do país, atacando e raptando moradores para obter resgate e incendiando casas após as saquearem.

A Nigéria enfrenta também uma insurgência jihadista há mais de 16 anos, que fez 40 mil mortos e mais de dois milhões de deslocados no norte do país, segundo as Nações Unidas.

 

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