Mariano Rajoy pede voto da “maioria silenciosa” para “recuperar a Catalunha”

por RTP
Albert Gea - Reuters

O presidente do Governo espanhol espera uma votação massiva nas eleições regionais da Catalunha. Na primeira visita à região depois da ativação do artigo 155, Mariano Rajoy defendeu uma nova etapa para a Catalunha e insistiu que só suspendeu a autonomia depois de ter esgotado todas as alternativas. Rajoy participou na apresentação dos candidatos do PP, um dia depois de uma manifestação pela libertação dos dirigentes independentistas ter juntado 750 mil pessoas.

O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, disse este domingo que é preciso “recuperar a Catalunha” assim como “a democracia e a liberdade” e garantiu que só decidiu intervir na autonomia à região “depois de ter esgotado todas as vias”.


Na primeira visita à Catalunha depois da aplicação do artigo 155 da Constituição espanhola, Rajoy defendeu a medida como modo de pôr fim ao “delírio” dos independentistas.

O líder espanhol garante que só a tomou depois de ter esgotado as tentativas de travar “a escalada de agressão à convivência”. Além disso, afirmou, era preciso “devolver a legalidade às instituições da Catalunha”.
“Não abandonem”
Mariano Rajoy, que é também líder do Partido Popular, pediu ainda às empresas que “não abandonem” a Catalunha, depois de 2.400 já terem saído desde o início da crise catalã, e ainda aos espanhóis para não boicotarem os produtos catalães.

A deslocação de Mariano Rajoy à Catalunha deve-se à apresentação da candidatura de Xavier García Albiol como candidato dos populares às eleições regionais catalãs.

As eleições foram convocadas em outubro, depois de o Executivo espanhol ter decidido aplicar o artigo 155º da Constituição e suspendido a autonomia da Catalunha. Foi a resposta de Rajoy à declaração unilateral de independência saída do Parlamento catalão a 27 de outubro. O executivo regional foi destituído e o parlamento regional dissolvido.

Carles Puigdemont encontra-se em Bruxelas, sendo atualmente alvo de um mandado de captura europeu. O presidente destituído da Catalunha aguarda que a justiça belga decida se acata o pedido das autoridades espanholas.

No sábado, o presidente destituído da Generalitat dirigiu-se às centenas de milhares de manifestantes que participaram numa marcha em Barcelona. Num vídeo previamente gravado, Carles Puigdemont pediu aos manifestantes para que se façam ouvir em todo o mundo.

Segundo a polícia municipal, 750 mil pessoas participaram nesta manifestação convocada pelas organizações independentistas Assembleia Nacional Catalã e Omnium.
Liberdade para os "presos políticos"
Os manifestantes exigiram a libertação dos dirigentes independentistas que se encontram detidos, nomeadamente os líderes das duas organizações, Jordi Sánchez e Jordi Cuixart. Os catalães pediram ainda que sejam libertados os oito membros do governo catalão destituído que estão em prisão preventiva.

À frente da manifestação, onde eram visíveis rostos do independentismo e familiares dos detidos, iam duas faixas escritas em catalão: “Liberdade para os presos políticos” e “Somos uma república”.

Esta gigantesca manifestação acontece a pouco mais de um mês das eleições regionais. Apesar de Carles Puigedmont ter apelado a uma lista unitária de independentistas, a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) já desfez a coligação com o PdeCat e anunciou que não vai participar num movimento independentista unido.

A crise catalã provocou também um divórcio na autarquia de Barcelona. O partido Barcelona em Comum de Ada Colau aprovou com 54 por cento dos votos o fim do acordo com os socialistas catalães. É a resposta ao apoio que os socialistas deram à decisão de Mariano Rajoy de suspender a autonomia catalã.

c/ agências
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