Medicamento para a próstata pode retardar doença de Parkinson

por RTP
Reuters

Um estudo realizado por uma equipa de investigadores da Universidade de Iowa, nos EUA, e do Instituto de Desordens Cerebrais de Pequim, concluiu que um medicamento usado para tratar a próstata pode retardar a progressão da doença de Parkinson. Esta descoberta foi publicada no Journal of Clinical Investigation.

“Embora seja prematuro falar sobre uma cura, as descobertas têm o potencial de mudar a vida das pessoas com Parkinson”, afirmou Michael Welsh, responsável por esta investigação.

No centro desta descoberta está a terazosina, uma substância que, até então, era conhecida por aliviar a hiperplasia prostática benigna (HBP), relaxando os músculos da bexiga e da próstata. Mas os investigadores descobriram que pode ter outra ação benéfica, agindo nas células cerebrais danificadas pela doença de Parkinson.

Ao longo da investigação, realizada sobre milhares de pacientes com HBP e Parkinson, os investigadores chegaram à conclusão que o medicamente previne a degeneração das células cerebrais ao ativar uma enzima chamada PGK1.

O Parkinson é uma doença progressiva que afeta o cérebro e para a qual atualmente não há cura. Os tratamentos existentes podem ajudar com alguns dos sintomas, mas não conseguem retardar ou reverter a perda de neurónios que ocorre com a doença.

Assim, se esta descoberta se confirmar, o medicamento poderá retardar a progressão de Parkinson, algo impossível atualmente.
Resultados promissores mas não finais
O medicamento começou por ser testado em animais roedores e o resultado foi positivo, retardando ou parando a destruição das células nervosas.

De seguida, a equipa a cargo desta investigação quis avaliar se o efeito era idêntico nos humanos. Para tal, os investigadores estudaram 2800 pacientes de Parkinson que tomam terazosina ou medicamentos similares que ativam a enzima PGK1, comparando-os com outros 15 409 pacientes, também eles com Parkinson, mas que seguem um tratamento diferente onde a enzima PGK1 não é ativada.

Desta análise, concluíram que os pacientes que tomaram o medicamento que ativa a enzima PGK1 tiveram melhores resultados e um retardamento da progressão de Parkinson.

Apesar dos resultados encorajadores, os pesquisadores preveem novos estudos em ensaios clínicos, para ter a certeza que o medicamento é seguro e eficaz contra o Parkinson.

David Dexter, do Parkinson's UK, acredita que “embora seja cedo, ambos os estudos em animais e em pessoas que já tomam o medicamento mostram sinais promissores que precisam ser mais investigados”.

"Hoje, temos zero tratamentos que alteram o curso progressivo desta doença neurodegenerativa. É um estado terrível, porque à medida que a população envelhece, a doença de Parkinson será cada vez mais comum. Portanto esta é uma área de pesquisa muito estimulante ", concluiu Michael Welsh.
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