Médio Oriente. Netanyahu promete continuar ofensiva "enquanto for necessário"

por Inês Moreira Santos - RTP
Haitham Imad - EPA

O primeiro-ministro israelita, que acusa o Hamas de ter começado quase uma semana de hostilidades lançando rockets contra Israel, prometeu no sábado que os ataques a Gaza vão continuar "enquanto for necessário". Perante a intensificação da violência dos últimos dias, o Conselho de Segurança da ONU vai reunir este domingo, por videoconferência, para debater este conflito entre Israel e o Hamas. Também o chefe da diplomacia europeia convocou uma reunião de emergência dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia para discutir a escalada da violência, que já fez mais de 170 mortos desde segunda-feira.

Depois do bombardeamento israelita a um campo de refugiados e a um edifício que albergava vários escritórios de meios de comunicação estrangeiros na cidade de Gaza, no sábado, Benjamin Netanyahu afirmou que os ataques contra a Faixa de Gaza não vão cessar enquanto "a segurança do povo israelita não estiver restaurada".

O primeiro-ministro garantiu mesmo que Israel estava "ainda a meio desta operação, ainda não acabou e esta ofensiva continuará enquanto for necessário".

"Iremos continuar a agir com toda a força", anunciou. "Estamos a atingir as organizações terroristas com golpes debilitantes. Quem deflagrou o fogo, será queimado pelo fogo".
Continuando, então, a ofensiva os militares israelitas afirmaram, este domingo, terem atingido a casa do principal líder do Hamas em Gaza.

O General Hidai Zilberman, um porta-voz do exército, disse à rádio do exército israelita que os militares tinham como alvo a casa de Yehiyeh Sinwar, o líder mais alto do Hamas dentro do território, que provavelmente se esconde junto com o resto do escalão superior do grupo, na cidade de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza.

Segundo Al Jazeera, Gaza foi novamente bombardeada este domingo de manhã, tendo morrido pelo menos mais 33 palestinianos nas últimas horas.

Jornalistas no local e vários residentes relataram ainda, através das redes sociais, que os ataques aéreos desta madrugada abriram uma cratera que bloqueou uma das principais estradas até Shifa, o maior hospital de Gaza.

Também em Israel, durante a última noite, as sirenes foram ativadas alertando a população para o possível ataque palestiniano. Milhares de pessoas e Tel Avive, nos arredores da capital e no sul do país tentaram fugir para abrigos, acabando algumas por ficar feridas enquanto tentavam proteger-se.

Os combates começaram a 10 de maio, após semanas de tensão entre israelitas e palestinianos em Jerusalém Oriental, que culminaram com confrontos na Esplanada das Mesquitas, o terceiro lugar sagrado do islão junto ao local mais sagrado do judaísmo.

O Hamas começou a bombardear Israel na segunda-feira, após semanas de tensões sobre um processo judicial para despejar várias famílias palestinas em Jerusalém Oriental, e em retaliação aos confrontos da polícia israelita com os palestinos perto da mesquita de al-Aqsa da cidade.

O líder do Hamas no Catar, Ismail Haniyeh, afirmou perante uma multidão de manifestantes, no sábado à noite, que a causa das hostilidades era Jerusalém.

"Os sionistas pensaram que podiam demolir a mesquita de al-Aqsa. Pensaram que podiam desalojar o nosso povo em Sheikh Jarrah", disse Haniyeh. "Eu deixo um aviso a Netanyahu: não brinque com fogo".
Conselho de Segurança da ONU reúne-se hoje por videoconferência

A pressão internacional para pôr fim ao conflito violento entre Israel e militantes do Hamas aumentou este domingo, com novos bombardeamentos israelitas em Gaza, nos quais resultaram dezenas de mortos.

Até agora, os esforços diplomáticos para o cessar fogo têm sido em vão. Mas o Conselho de Segurança da ONU decidiu reunir-se este domingo, por videoconferência, para debater este conflito entre Israel e o Hamas.

Enviados dos Estados Unidos, ONU e Egito têm estado trabalhar para negociar e parar a violência no território, mas ainda sem sucesso. O secretário-geral das Nações Unidas afirmou, no sábado, estar "consternado" e "profundamente perturbado" com o número de vítimas civis.

Referindo-se aos bombardeamentos a um campo de refugiados e a um prédio onde trabalhavam vários jornalistas e meios de comunicação estrangeiros, António Guterres lembrou "a todas as partes que qualquer ataque indiscriminado a civis e estruturas da media viola o direito internacional e deve ser evitado a todo custo".

O chefe do Departamento de Estado dos EUA para assuntos israelitas e palestinos, Hady Amr, também reunirá com líderes israelitas este domingo, antes de se encontrar com funcionários palestino para debater a possibilidade de uma "calma sustentável", afirmou a Casa Branca.

Também a juntar-se aos esforços para o cessar fogo, o chefe da diplomacia europeia convocou, para terça-feira, uma reunião de emergência dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia por videoconferência para discutir a escalada da violência entre Israel e palestinianos.

"Tendo em conta a escalada em curso entre Israel e a Palestina e o número inaceitável de vítimas civis, convoco uma videoconferência extraordinária dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE para terça-feira", escreveu Josep Borrell na sua conta na rede social Twitter.

Segundo o alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, os ministros irão "coordenar e discutir a maneira como a UE pode contribuir para pôr fim à violência atual".

A União Europeia diz que Borrell tem feito esforços diplomáticos "intensos" para tentar ajudar a apaziguar a tensão entre israelitas e palestinianos, com contactos com dirigentes de ambos os lados do conflito e com os principais diplomatas dos países vizinhos.

"A prioridade e a mensagem da UE neste contexto são claras: a violência deve parar imediatamente", disseram no sábado os serviços diplomáticos da UE em comunicado.

Os 27 países da UE, recorde-se, têm frequentemente dificuldades em encontrar uma posição comum sobre o conflito israelo-palestiniano, com países como a Alemanha, a Áustria ou a Eslovénia a apoiarem firmemente o direito de Israel a defender-se, enquanto outros exortam o Estado hebreu a demonstrar contenção.
Mais de 170 mortos em Gaza

Pelo menos 17 palestinianos foram mortos, este domingo, na Faixa de Gaza na sequência da escalada de violência com Israel, elevando o número de vítimas mortais no enclave a 174, incluindo 47 crianças, desde segunda-feira.

De acordo com os dados avançados pelo Ministério da Saúde palestiniano, citados pela Agência France-Presse (AFP), o confronto entre grupos armados palestinianos e o exército israelita que tem marcado a região nestes últimos dias causaram ferimentos em cerca de 1.200 palestinianos.

A Associated Press (AP), que fala em 23 mortos, refere que os ataques aéreos israelitas realizados durante esta manhã arrasaram três prédios, tendo causado o maior número de vítimas mortais desde que se iniciaram os combates entre as duas partes.

As forças israelitas efetuaram 50 bombardeamentos em menos de 15 minutos, tendo atingido a residência da família do líder do movimento islâmico Hamas Yahya Sinwar, que não se encontrava em casa no momento do ataque.

As milícias palestinianas na Faixa de Gaza, por seu lado, lançaram cerca de 2.900 ‘rockets’ contra Israel desde que este conflito começou, na passada segunda-feira, de acordo com dados avançados pelo exército israelita e citados pela Efe.

Segundo um porta-voz militar, daquele total cerca de 450 ‘rockets’ caíram dentro da Faixa de Gaza, enclave costeiro palestiniano, e cerca de 1.150 foram intercetados pelo sistema antimísseis israelita, conhecido como 'Cúpula de Ferro'.

Estes disparos provocaram um total de dez mortos em Israel.
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