Apesar dos pedidos internacionais para um cessar-fogo urgente, os ataques na Faixa de Gaza continuaram, pela décima noite consecutiva. A pressão internacional para o fim do conflito aumentou, e embora haja recetividade por parte do Hamas, Israel não dá sinais de pretender terminar a campanha militar em curso, admitindo ainda ter como principal alvo os líderes do grupo islâmico.
Já o exército israelita afirmou que atingiu alvos dos militantes palestinianos nas cidades de Khan Younis e Rafah, com 52 aviões a atacar 40 alvos subterrâneos num período de 25 minutos, avança o Times of Israel.
This morning in Gaza pic.twitter.com/Xqyzvxv0FX
— TIMES OF GAZA (@Timesofgaza) May 19, 2021
Segundo a BBC, só na cidade de Gaza houve mais de 70 ataques israelitas, durante a madrugada, e cerca de 50 bombardeamentos na cidade Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza.
Durante a noite as sirenes soaram nas zona sul e centro de Israel, inclusive nas cidades de Ashkelon, Ashdod, Rehovot, Nes Ziona e Palmachim.
O Hamas afirma que atacou a base aérea de Palmachim pela segunda vez, Israel nega, no entanto, que alguma das suas bases militares tenha sido atingida.
A Reuters avança ainda com a morte de dois trabalhadores tailandeses e sete feridos que terão sido provocados ainda na terça-feira numa quinta israelita logo depois da fronteira da Faixa de Gaza, tendo o Hamas e a Jihad Islâmica reivindicado o ataque.
"Os nossos inimigos veem o preço que fazemos pagar pela agressão contra nós, tenho certeza que tirarão as conclusões necessárias", disse Netanyahu, citado pelos jornais israelitas, acrescentando que a operação continuará "enquanto for necessário para restaurar a paz dos cidadãos de Israel".
Prime Minister Benjamin Netanyahu met with southern council heads and updated them on the situation and the deployment for the future, and said that we were striking Hamas very hard in ways and at a magnitude that we had not previously. pic.twitter.com/SeqEezHCKY
— PM of Israel (@IsraeliPM) May 18, 2021
"Se me perguntar o que é razoável para considerar um sucesso, eu diria pelo menos cinco anos e até mais do que isso", afirmou o major general Aharon Haliva à emissora Kan.
Haliva reconheceu, no entanto, que os militares não anteciparam totalmente a decisão do Hamas de alvejar Jerusalém na semana passada, mas que as forças armadas responderam com muito mais força do que o grupo palestiniano esperava.
O Hamas e a Jihad Islâmica afirmam que pelo menos 20 dos seus combatentes foram mortos, enquanto Israel afirma que o número é de pelo menos 130. Doze pessoas em Israel, incluindo uma criança de 5 anos, foram mortas em ataques com foguetes até agora.
"Embora ainda não fale em uma só voz, a posição da esmagadora maioria é clara. Apelo para todos os membros se juntarem aos esforços coletivos pelo cessar-fogo e proteção dos civis", disse o embaixador chinês Zhang Jun.
Mas escalada de violência, que tem levado a sucessivos pedidos de cessar-fogo também provocou um novo apelo do secretário-geral da ONU, António Guterres, a pedir no Twitter à "comunidade internacional" para que assegure "fundos adequados para as operações humanitárias em Gaza", lamentando o "enorme sofrimento humano" e os "danos profundos em casas e infraestruturas vitais" que já se registam desde o acentuar do conflito, que se arrasta desde dia 10 de maio.
We are seeing immense human suffering and extensive damage to homes and vital infrastructure in Gaza.
— António Guterres (@antonioguterres) May 18, 2021
I call on the international community to ensure adequate funding for our humanitarian operations in Gaza. https://t.co/lbKUIbhulU
De acordo com autoridades médicas presentes em Gaza, já morreram 217 palestinianos, incluindo 63 crianças, tendo 1400 ficado feridos. As autoridades israelitas dão conta, por seu lado, de 12 mortos em Israel, incluindo duas crianças, provocados pelos rockets disparados pelo Hamas.
Os últimos ataques já destruiram, total ou parcialmente, quase 450 edifícios na Faixa de Gaza, incluindo seis hospitais e o único laboratório que fazia testes de Covid-19 em Gaza.
Recorde-se que escalada da violência começou a 10 de maio, quando o Hamas disparou rockets em direção a Jerusalém em apoio aos protestos dos palestinianos contra o policiamento pesado de Israel no complexo da Mesquita de Al-Aqsa, um local sagrado para judeus e muçulmanos, e a ameaça de despejo de dezenas de famílias palestinianas na região de colonatos judeus.