Membro do grupo de protesto Pussy Riot fora de perigo em Berlim

por RTP
De acordo com os médicos, Verzilov já não está em perigo mas ainda precisa de cuidados médicos intensivos Maxim Shemetov - Reuters

Um elemento do grupo de protesto artístico Pussy Riot terá sido envenenado, mas os médicos estão otimistas quanto à recuperação de Pyotr Verzilov. O ativista anti-Kremlin ficou doente na semana passada, após ter-se deslocado a um tribunal russo. As companheiras do grupo de protesto não hesitam em dizer que foi uma tentativa de envenenamento, uma hipótese admitida pelos médicos.

“É altamente provável que tenha sido envenenado”, admitiu um médico do hospital universitário Charité, onde Pyotr Verzilov está a ser tratado, reconhecendo não encontrar outra explicação para o atual estado de saúde do homem.

Segundo o corpo clínico daquele hospital alemão, Verzilov sofria de síndrome anticolinérgica, uma condição em que a passagem de certos neurotransmissores é bloqueada, e cujo início súbito pode indicar envenenamento.

Os primeiros sintomas incluíam perda de visão, bem como dificuldades em andar e falar. Também a pressão alta e as membranas mucosas secas poderiam indiciar envenenamento, mas os médicos não conseguem identificar o veneno em causa.

“Pensamos que seja uma intoxicação que dura há pelo menos uma semana. As análises clínicas apontam para um grupo específico de drogas, mas a substância é desconhecida”, declarou o diretor da unidade de cuidados intensivos. Kai-Uwe Eckardt acrescentou que os especialistas em toxicologia estão a fazer uma ampla investigação.

Apesar de ainda se verificarem episódios de alucinações, “Pyotr Verzilov está a melhorar de dia para dia e já não está em risco”, disse o diretor do Hospital Charité, Karl Max Einhäupl. Os médicos acreditam que Verzilov vai recuperar totalmente. No entanto, consideram que teria morrido se não tivesse sido tratado atempadamente.

Pyotr Verzilov tem dupla nacionalidade, russa e canadiana, é editor de um portal de notícias russo e participa em ações de ativismo artístico há mais de uma década.

Verzilov foi um dos quatro membros do grupo Pussy Riot que invadiram o relvado durante a final do Mundial de Futebol, em protesto contra o uso excessivo de força pela polícia russa.
Companheiras não têm dúvidas sobre envenenamento
Pyotr Verzilov sentiu-se mal após ter ido com a namorada Veronica Nikulshina, também ela membro do grupo Pussy Riot, a um tribunal russo, na passada terça-feira. Nikulshina levou de imediato Verzilov a um hospital, onde esteve internado quatro dias antes de ser transferido para Berlim.

“Três vezes hurrah para todos os que escreveram, telefonaram, visitaram, choraram e cantaram. Estamos em Berlim. Tudo está bem”, desabafou Nikulshina no Facebook.

A tese de envenenamento foi corroborada pela ex-mulher, Nadezhda Tolokonnikova, outro elemento do grupo de protesto artístico. No Twitter, Tolokonnijova publicou um vídeo da chegada de Verzilov a Berlim, numa viagem organizada pela organização Cinema for Peace Foundation.

Tolokonnikova não tem dúvidas que o ex-marido foi alvo de uma “intimidação ou até tentativa de assassinato” da parte das forças de segurança.

“Ninguém que participe em atividades políticas na Rússia está a salvo neste momento”, acusou Tolokonnikova, em conferência de imprensa.

Tanto serviços de segurança como ativistas estão em alerta devido aos ataques com veneno que este ano atingiram o agente duplo Sergei Skripal e a filha, no Reino Unido.
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