México enfrenta nova onda de migrantes

por Graça Andrade Ramos - RTP
Um aspecto da caravana de centenas de pessoas que atravessaram dia 22 de janeiro de 2020 a fronteira mexicana vindas da Guatemala, tentando migrar para os Estados Unidos Reuters

Imagens de televisão mostraram centenas de pessoas a atravessar a fronteira entre o México e a Guatemala nas últimas horas, apesar da repressão das forças de segurança, que dispararam gás lacrimogéneo para deter a multidão.

A caravana de migrantes terá aproveitado a ausência das forças de segurança para atravessar o Rio Suchiate, bloqueado numa tentativa precedente, na segunda-feira.

A caravana seguiu viagem pela estrada de Ciudad Hidalgo e de Tapachula, no Estado de Chiapas, sul do México.

O seu objetivo aparente é obter autorização para atravessar o México até à fronteira dos Estados Unidos, no norte, para tentar atravessá-la, ou conseguir a anuência a pedidos de asilo ou de refugiados.

"Queremos falar cara a cara com o Presidente Lopez Obrador", lia-se numa bandeira. Outros migrantes agitam bandeiras dos seus vários países. Pelo menos uma bandeira gigante dos Estados Unidos acompanha a caravana.
Cerca de 500 migrantes da América Central tinham tentado segnda-feira forçar a passagem que traspõe o Suchiate, um rio que faz fronteira entre o México e a Guatemala, mas foram rechaçados por um grande número de forças de segurança mexicanas.
A maioria dos migrantes foge de condições de pobreza extrema e da insegurança sentida nos seus países de origem.

Muitas pessoas trazem consigo crianças, numa tentativa de conseguir acolhimento como seus acompanhantes.

Esta é a maior vaga de migrantes dos últimos meses, desde que o Governo mexicano de Andres Manuel Lopez Obrador e dos seus homólogos de outros países da América Central assinaram acordos com o Presidente norte-americano para controlar os fluxos migratórios de finais de 2018, início de 2019.

Donald Trump ameaçou impor sanções económicas aos Estados que nada fizessem para conter a migração dos seus cidadãos.

Não é claro o que fará Obrador para deter esta nova onda de migrantes. O ministro mexicano dos Negócios Estrangeiros, Marcelo Ebrard, garantiu que várias centenas dos recém-chegados foram imediatamente deportados.

Em 2019, Obrador colocou cerca de 26 mil militares nas fronteiras do sul e do norte do país, conseguindo reduzir em 56 por cento o fluxo de migrantes que procura entrada em teriitório norte-americano.

Milhares de pessoas permanecem retidas em campos dos dois lados da fronteira entre o México e os Estados Unidos, na sequência de uma das mais graves crises de migração de sempre, a afetar o continente americano.

A Administração Trump tem procurado desde o início conter e controlar a entrada de migrantes no país. O Presidente fez mesmo da construção de um muro na fronteira com o México uma promessa de campanha, e várias iniciativas legislativas impuseram novas regras, muito contestadas pela oposição e por ONG.

Esta sexta-feira, a Administração propôs nova legislação para impedir o que chama "turismo de nascimento", ou a entrada nos Estados Unidos de mulheres grávidas que permanecem no país até ao nascimento dos filhos com o objetivo de conseguir para estes a cidadania norte-americana.
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