Os serviços mexicanos estão a investigar a veracidade das informações divulgadas por uma enfermeira americana, sobre a esterilização forçada de mulheres detidas num centro de imigrantes ilegais no Estado norte-americano da Georgia. A confirmação foi dada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros do México, Marcelo Ebrard, que já entrevistou, ele mesmo, seis mulheres.
Esta terça-feira, responsáveis norte-americanos dos serviços de imigração afirmaram que um organismo federal iria realizar as suas próprias investigações à queixa entretanto apresentada.
"Quem quer que ele atenda sofre uma histerectomia... praticamente toda a gente. Até retirou o ovário errado a uma jovem mulher. Era suposto ela ter o ovário esquerdo removido devido a um quisto e ele tirou o direito", testemunhou a enfermeira, de acordo com a queixa.
"É o colecionador de úteros," acrescentou Wooten. "Sei que isso é muito feio... Estará ele a colecionar aquilo ou quê? Todas as pessoas que ele atende, ele retira todos os ovários ou todas as trompas" do Falopio, indignou-se.
Uma congressista do Partido Democrático, Pramila Jayapal, diz que falou com três advogados que representam as vítimas e que pelo menos 17 mulheres terão sido sujeitas aos procedimentos abusivos, numa prática claramente reiterada.
Yesterday, ICE tried to deport an immigrant who had been forced to have part of her reproductive organs removed by a doctor in Georgia without her knowledge or consent.
— Rep. Pramila Jayapal (@RepJayapal) September 18, 2020
Rep. @JacksonLeeTX18 and I were able to get her pulled off the plane before it took off from the runway. pic.twitter.com/2jjDHDMIJW
A controvérsia é a mais recente munição para os detratores da política anti-migração do Presidente Donald Trump e da sua Administração, acusada de "racismo".
Uma das promessas de Trump na campanha de 2016, após a qual foi eleito Presidente dos Estados Unidos da América, foi a construção de um muro na fronteira com o México, local de passagem de milhões de migrantes ilegais sul-americanos.
As razões apresentadas por Trump para a construção do muro, sobretudo as acusações da falta de ação das autoridades mexicanas para conter os migrantes no seu território, quase congelaram as relações diplomáticas entre EUA e México.
A separação de famílias e a detenção de menores de idade foram algumas das medidas controversas aplicadas sob Trump aos imigrantes que entrem ilegalmente nos EUA por terra através da sua fronteira a sul.
Uma nova agressão a mulheres, indefesas e pertencentes a comunidades minoritárias no país ira certamente marcar a campanha presidencial. A eleição do próximo Presidente norte-americano, cujos maiores candidatos são Donald Trump e Joe Biden, está marcada para 3 de novembro de 2020.