Uma solução para a migração oriunda do Mediterrâneo é, além de um problema humanitário que urge resolver, uma questão que ganha cada vez mais prioridade nas agendas eleitorais europeias, em particular na agenda dos partidos nacionalistas e de extrema-direita. Espanha, que inicialmente abriu os seus portos para acolher os desesperados que chegavam do norte de África, está agora a mudar a estratégia.
A imigração do Mediterrâneo é um assunto que na última meia dúzia de anos nunca chegou a estar fora da agenda diária. Mais ou menos visível, trata-se de um assunto que as organizações humanitárias, por um lado, querem ver resolvido, e que os partidos nacionalistas e de extrema-direita vão avivando, em particular com o aproximar de escrutínios eleitorais, como se esse fosse o único combustível de que necessitam para se manterem vivos e crescer nos parlamentos nacionais europeus.
O ministro italiano do Interior não se manifestou aberto aos apelos da organização Save The Children. Matteo Salvini recorreu à aritmética para dizer que estes migrantes, sendo menores, são quase maiores de idade, uma vez que estão próximos dos 18 anos.
A Holanda rejeitou a argumentação do ministro da extrema-direita italiana. O ministro holandês para a Migração foi mais longe. Mark Harbers explicou a Matteo Salvini que o seu país não “está obrigado” a encontrar as soluções para este problema.
A curva espanhola
De facto, a questão tem vindo a colocar-se ao longo dos anos e sem solução à vista no próprio coração da União Europeia desde o início da década. Um dossier que ganhou força em particular com o recrudescer da guerra na Síria e o ascendente do Estado Islâmico, por volta de 2014, no Médio Oriente.
Os migrantes chegados nas balsas mediterrânicas são marionetas de uma frágil política de acordos dentro da União ou entre os seus membros e os países africanos da margem do Mediterrâneo. O objeto comum a todas as soluções é impedir o desembarque dos migrantes ou refugiados em solo europeu.
A curva espanhola
De facto, a questão tem vindo a colocar-se ao longo dos anos e sem solução à vista no próprio coração da União Europeia desde o início da década. Um dossier que ganhou força em particular com o recrudescer da guerra na Síria e o ascendente do Estado Islâmico, por volta de 2014, no Médio Oriente.
Os migrantes chegados nas balsas mediterrânicas são marionetas de uma frágil política de acordos dentro da União ou entre os seus membros e os países africanos da margem do Mediterrâneo. O objeto comum a todas as soluções é impedir o desembarque dos migrantes ou refugiados em solo europeu.
Um dos casos que no ano passado fez escola foi o do navio Aquarius. Na altura, com o barco a andar de lá para cá entre Malta, Itália e Valência (Espanha), Roma acabaria por dizer que aceita receber navios se posteriormente os seus ocupantes forem redistribuídos pelos restantes membros da UE. Uma solução que não agrada particularmente à Alemanha, com o Governo de Angela Merkel à mercê dos parceiros de coligação. Horst Seehofer, ministro da Administração Interna, mantém a chanceler sob constante pressão. Nos Campos Elísios, os ideólogos de Emmanuel Macron também não se inclinam particularmente para a causa migratória.
No meio da luta de gigantes está Madrid, que inicialmente decidiu abrir os seus portos às urgências humanitárias. Antevendo, contudo, que Espanha esteja na iminência de se tornar o elo mais fraco nesta cadeia de decisões, o primeiro-ministro Pedro Sánchez está a mudar a estratégia espanhola: impede a saída para o mar dos barcos de resgate.