Ministro da Justiça brasileiro pede investigação sobre envolvimento de Bolsonaro no caso Marielle
O ministro da Justiça do Brasil, Sérgio Moro, solicitou esta quarta-feira a abertura de uma investigação ao testemunho que sugere o envolvimento do Presidente brasileiro no caso do assassinato da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, e do motorista, Anderson Gomes. Bolsonaro já negou qualquer envolvimento no caso.
“A inconsistência sugere possível equívoco na investigação conduzida no Rio de Janeiro ou eventual tentativa de envolvimento indevido do nome do Presidente da República no crime em questão, o que pode configurar crimes de obstrução à Justiça, falso testemunho ou denunciação caluniosa”, lê-se no documento.
“Para que os fatos sejam devida e inteiramente esclarecidos, por investigação isenta, venho através desta solicitar respeitosamente a V.Ex.ª que requisite a instauração de inquérito para a apuração, em conjunto, pelo Ministério Público Federal e Polícia Federal, perante a Justiça Federal, de todo o ocorrido e de todas as suas circunstâncias”, diz ainda o documento.
Bolsonaro já tinha requerido a Sérgio Moro para que a Polícia Federal investigasse o testemunho do porteiro que coloca o seu nome no caso.
Há algum tempo que se sabe que um dos principais suspeitos do crime – o antigo polícia militar Écio Queiroz – era vizinho de Jair Bolsonaro, num condomínio no Rio de Janeiro. No entanto, as recentes declarações do porteiro do condomínio onde reside o Presidente brasileiro, colocam Bolsonaro na lista de suspeitos.
Segundo o testemunho, Élcio Queiroz esteve, no dia do crime, no condomínio de Bolsonaro. O porteiro garante mesmo que o antigo polícia militar, à entrada do condomínio Vivendas da Barra, pediu para ir à casa do Presidente.
No entanto, o que leva o ministro da Justiça brasileiro a falar em “inconsistência” consiste nos registos da Câmara dos Deputados que comprovam que o Presidente brasileiro estava em Brasília nesse mesmo dia, “com o que não poderia ter sido visitado na mesma data no Rio de Janeiro por referida pessoa”.
Bolsonaro desmente
O presidente brasileiro já se pronunciou, desmentindo qualquer ligação à morte da vereadora e do motorista.
Apresentando provas de que no dia do crime estava na Câmara dos Deputados, Jair Bolsonaro considera que o porteiro pode ter mentido ou ter sido induzido a realizar um falso testemunho.
“Deixem-me governar o Brasil, vocês perderam”, diz Bolsonaro num vídeo, dirigindo-se ao canal televisivo brasileiro TV Globo que anunciou as revelações.
“Estamos a recuperar a confiança do mundo e vocês, TV Globo, infernizam a minha vida o tempo todo. Eu sei onde vocês querem chegar. Vocês não têm vergonha na cara”, continuou a atacar Bolsonaro.
O Presidente do Brasil diz que ele e a sua família estão a ser vítimas de “ataques pessoais e políticos”.