Ministro norte-coreano executado por adormecer em reunião

por RTP
O presidente norte-coreano, Kim Jong-Un Reuters

Dois dignitários do regime norte-coreano foram executados por ordem do presidente Kim Jong-Un - um dos quais por ter adormecido durante uma reunião. Não são as primeiras penas capitais ordenadas pelo "grande líder", mas são as primeiras que atingem figuras exteriores ao partido ou ao exército.

Segundo artigo publicado no diário sul-coreano JoongAng, citando uma fonte não identificada, ambos foram executados já no início de agosto, na Academia militar de Piongiang, a tiros de arma antiaérea. Segundo a fonte, "os ministros da Agricultura e da Educação foram executados publicamente em conformidade com uma ordem especial de Kim Jong-Un".

Ri Yong Jin, um dos condenados, surge identificado pela fonte como ministro da Educação - embora ocasiaonalmente seja referido como funcionário do Ministério da Educação - e "aparentemente" foi morto por ter adormecido durante uma reunião com o "grande líder".
O sono e o culto da personalidade

Um dos insultos mais frequentes, embora involuntários, a tiranos que se autoendeusaram consiste em adormecer na sua presença. O general Vespasiano, futuro imperador romano, caíu em desgraça por ter adormecido quando Nero lia um poema. Göring adormecia com frequência em reuniões, mas teve o cuidado de nunca o fazer diante de Hitler.

Segundo a fonte citada por aquele diário, Ri Yong Jin "incorreu na ira de Kim por ter adormecido numa reunião presidida por Kim. Foi detido no local e intensamente interrogado pelo ministro da Segurança do Estado. Foi executado depois de terem sido encontrados outros motivos durante a investigação, tais como a corrupção".

A execução por adormecimento não constitui caso inédito: já no ano passado fora executado por um pelotão de fuzilamento o ministro da Defesa, Hyon Yong-chol, por ter adormecido numa reunião com Kim Jong-Un. Mas pelos vistos a drástica punição do dorminhoco não foi suficiente para dissuadir potenciais imitadores.

O outro ministro executado no início de Agosto foi Hwang Min, antigo ministro da Agricultura. Segundo a fonte citada por aquele diário sul-coreano, "ele foi executado por serem vistas como uma desafio directo à liderança de Kim Jong-un algumas propostas políticas que ele defendia". No final de Junho, pouco antes de ser executado, Hwang fora substituído por um novo titular da pasta, de nome Ko In-ho.

Desde a assunção do cargo presidencial no fim de 2011, Kim Jong-Un promoveu a execução de diversos dignitários políticos e militares. Um deles foi, em Dezembro de 2013, o seu tio e antigo mentor político Jang Song-thaek; outro foi o já citado ministro da Defesa Hyon Yong-chol.

A mais recente vaga de execuções, em que se incluem estas duas a nível ministerial, tem a particularidade de atingir pela primeira vez figuras destacadas no aparelho de Estado, mas não no Exército ou no Partido. E vem sendo relacionada pelos observadores da sociedade norte-coreana com a série de deserções que ultimamente abalou o regime.
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