MNE sobre refugiados afegãos: "Não perdemos de vista os que não chegaram" a Portugal

por RTP
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O ministro dos Negócios Estrangeiros garante que o Governo está a fazer tudo o que está ao seu alcance para que os refugiados afegãos que ainda não conseguiram chegar a Portugal possam em breve ser acolhidos pelo país. Em entrevista ao 360 da RTP3, Augusto Santos Silva falou também sobre a crise migratória na fronteira bielorrussa.

Esta terça-feira chegaram mais refugiados afegãos a Portugal - 60 dos quais já deveriam estar em território português desde agosto -, mas há ainda sete que não conseguiram chegar ao país.

Segundo o MNE, essas sete pessoas não estavam documentadas ou não viram os seus documentos serem reconhecidos pelas autoridades locais. Ainda assim, o Governo português não vai “perdê-los de vista” e continuará a fazer o que está ao seu alcance para que venham para Portugal.

“Já na anterior operação nós tínhamos garantido o apoio à saída do Afeganistão de todos aqueles que tinham colaborado com as nossas forças nacionais destacadas e que cumpriam estas duas condições: tinham chegado ao aeroporto de Cabul a tempo de serem apoiados e tinham colaborado com as forças destacadas. Trouxemo-los todos”, assegurou, mas “outros não conseguiram chegar a tempo ao aeroporto de Cabul, e esses nunca os perdemos de vista”.

Esta terça-feira, “felizmente”, mais de meia centena desses refugiados e as suas famílias vieram para Portugal, afirmou Augusto Santos Silva. O número de cidadãos afegãos acolhidos por Portugal sobe, assim, para 476.
É “inaceitável” que Bielorrússia use pessoas como armas
Questionado pela RTP sobre a situação na fronteira bielorrussa, o ministro dos Negócios Estrangeiros disse considerar que um quinto pacote de sanções a Minsk ajudará a aumentar a pressão sobre o país, “castigando aqueles que estão a participar ativamente” na situação “inaceitável que é usar pessoas como se fossem armas”.

“A pressão que a União Europeia tem feito já tem produzido resultados. Há companhias aéreas que estavam a colaborar com esta manobra e que deixaram de colaborar; há compromissos por parte de outras que vão deixar de fazer, e isso acontece porque houve a ameaça de essas companhias serem sancionadas”, elaborou.

Assim sendo, este “instrumento de pressão” poderá fazer com que o regime de Lukashenko deixe de “usar pessoas como se fossem armas e de pôr em risco a segurança da fronteira externa da União Europeia”.

Mas as sanções são apenas um dos instrumentos para lidar com a situação. Augusto Santos Silva aponta também o isolamento político, os contactos diplomáticos ou os contactos com terceiras partes como opções que já estão a ser usadas, mas que não têm surtido resultado.

Para o MNE, a eventual escalada do conflito depende do comportamento do regime bielorrusso, que ultimamente tem desafiado “as obrigações mínimas de um Estado”.

Nos últimos dias, porém, Minsk “tem dado sinais de alguma moderação”, assinalou Santos Silva. “Portanto, vamos ver se esse caminho é prosseguido”.
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