Moçambique. Ajuda passa à fase de "saúde pública e reconstrução"

por Mário Aleixo - RTP
A ajuda a Moçambique continua a partir de Lisboa José Sena Goulão - Lusa

O ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, afirmou que Portugal não prevê enviar mais contingentes militares para Moçambique, defendendo que o trabalho a desenvolver nas próximas semanas é essencialmente o das associações humanitárias e da Proteção Civil.

"As Forças Armadas estão lá no momento de resgate e de apoio, de salvar vidas, no fundo. Vamos passar rapidamente para uma segunda fase, que é essencialmente de saúde pública e de reconstrução. Esse momento já não será o momento das Forças Armadas, ou seja, essa emergência imediata parece já estar a passar", afirmou João Gomes Cravinho em declarações à Lusa à margem de uma conferência no Porto.

Para o governante, este é momento das organizações não-governamentais, das associações humanitárias, da Autoridade Nacional de Proteção Civil e da Cruz Vermelha, entre outros, para apoiar a reconstrução de Moçambique.

Neste sentido, Portugal não prevê enviar mais contingentes militares, mas o apoio a Moçambique manter-se-á a outros níveis.

"Temos mais um avião que parte hoje. Continuará a ser necessário dar apoio aos moçambicanos. É um país irmão, um país que nos diz muito e, portanto, este apoio vai continuar nas próximas semanas. Os moçambicanos sabem que podem contar connosco", assegurou o ministro.

"A minha expectativa é que dentro de alguns dias, uma semana, dez dias já não seja necessário ter lá os elementos das Forças Armadas, mas vamos ver", concluiu João Gomes Cravinho.

No próximo domingo segue para a cidade da Beira, em Moçambique, um segundo avião da Cruz Vermelha carregado de ajuda humanitária.

Na bagagem seguem 33 toneladas de material que se destinam sobretudo a mães e crianças, como revelou Francisco George, presidente da Cruz Vermelha.

Nesta altura está a ser negociada a possibilidade de enviar um terceiro avião.

Esta quarta-feira parte para a cidade da Beira um avião da Força Aérea espanhola com material de apoio aos militares portugueses que estão no terreno.

A passagem do ciclone Idai por Moçambique, Zimbabué e Maláui fez pelo menos 786 mortos e afetou 2,9 milhões de pessoas nos três países, segundo dados das agências das Nações Unidas.

Moçambique foi o país mais afetado, com 468 mortos e 1.522 feridos confirmados pelas autoridades moçambicanas, que dão ainda conta de mais de 127 mil pessoas a viverem em 154 centros de acolhimento, sobretudo na região da Beira, a mais atingida.
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