Em direto
Portugal comemora 50 anos da Revolução dos Cravos. Acompanhe ao minuto

Monkeypox. Bélgica impõe quarentena a infetados, Reino Unido recomenda isolamento de contactos de alto risco

por Andreia Martins - RTP
Dado Ruvic - Reuters

As autoridades de saúde do Reino Unido recomendaram o isolamento de contactos de alto risco por 21 dias. A orientação aplica-se a quem tenha estabelecido contacto direto ou resida com um caso confirmado de Monkeypox. Já a Bélgica tornou-se no primeiro país a introduzir uma quarentena obrigatória de três semanas para casos confirmados de Monkeypox.

Com apenas quatro casos confirmados do vírus, a Bélgica é o primeiro país a impor uma quarentena obrigatória de 21 dias aos doentes infetados.

No Reino Unido, onde há até ao momento 20 casos confirmados, os contactos de alto risco são aconselhados a fornecer os seus dados e contactos. A agência de Segurança para a Saúde do Reino Unido (UKHSA) indica que os contactos de alto risco não devem deslocar-se ao local de trabalho, viajar e devem evitar o contacto com doentes imunodeprimidos, mulheres grávidas e crianças menores de 12 anos durante três semanas.

As autoridades classificam como contacto de alto risco alguém que partilhe casa com um caso confirmado de Monkeypox ou em caso de contacto sexual, por exemplo.

Em Portugal, onde já há 37 casos e vários sob suspeita, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, recomenda “isolamento físico” que quem está doente com o vírus ou quem esteve em contacto de risco com um doente confirmado.

Em entrevista à RTP na última sexta-feira, a responsável indicou que se deve evitar “contacto com pele, emissão de gotículas para outra pessoa e não partilhar objetos ou roupa”.
Esta segunda-feira, ao confirmar os novos casos registados em território português, a Direção-Geral da Saúde recomenda aos doentes que se abstenham de "contacto físico direto com outras pessoas e de partilhar vestuário, toalhas, lençóis e objetos pessoais enquanto estiverem presentes as lesões cutâneas,em qualquer estadio, ou outros sintomas".

"Os indivíduos que apresentem lesões ulcerativas, erupção cutânea, gânglios palpáveis, eventualmente acompanhados de febre, arrepios, dores de cabeça, dores musculares e cansaço, devem procurar aconselhamento clínico", indica a Direção-Geral da Saúde.

Até ao momento, há pelo menos 92 casos confirmados em vários países do mundo, incluindo na Austrália, Bélgica, Canadá, França, Alemanha, Itália, Holanda, Portugal, Espanha, Suécia, Reino Unido e Estados Unidos.

Em Espanha, onde já há pelo menos 30 casos confirmados, o Ministério da Saúde e as comunidades anunciaram no sábado o protocolo a seguir para os infetados com o vírus da varíola dos macacos (Monkeypox), que prevê o uso da máscara, o isolamento para os infetados e que os seus contactos reduzam ao máximo as interações sociais.

No domingo, o presidente norte-americano falou sobre o surto de Monkeypox, considerando que a situação “deve preocupar o mundo”.

"Estamos a trabalhar arduamente para tentar perceber o que é que podemos fazer", disse aos jornalistas em declarações a partir da Coreia do Sul, acrescentando que os Estados Unidos têm uma “vacina relevante” para o tratamento do vírus.

Ainda assim, Ashish Jha, coordenador da resposta à Covid-19 da Casa Branca, disse à ABC no domingo que não ficaria admirado que os Estados Unidos venham a detetar “novos casos” desta doença nos próximos dias.

“No entanto sinto que este é um vírus que entendemos, temos vacinas contra ele, temos tratamentos, e dissemina-se de forma muito diferente em relação ao SARS-CoV-2”, afirma o responsável.

A doença em causa é provocada uma infeção viral rara, mais comum na África Central e Ocidental. Identificado pela primeira vez em macacos, os casos de propagação deste vírus para humanos são raros e o “Monkeypox” não se costuma disseminar facilmente entre pessoas. No entanto, pode ser transmitido na sequência de contactos físicos próximos com lesões, fluídos corporais e materiais contaminados.

Febre, dores de cabeça e dores musculares são alguns dos primeiros sintomas, seguindo-se erupções cutâneas dolorosas em várias partes do corpo, sobretudo na cara. Por norma, a infeção desaparece ao fim de 14 a 21 dias.

No sábado, a Organização Mundial da Saúde adiantou que “os casos foram identificados principalmente, mas não exclusivamente” entre homens que estabeleceram contacto sexual com outros homens, como tem sido noticiado pelos meios de comunicação social em vários países.

Nesse sentido, o programa das Nações Unidas de combate ao HIV (ONUSIDA) veio ontem expressar preocupação com as reportagens e a linguagem usada nos media sobre o vírus Monkeypox, alertando que a perceção pública deste problema poderá “reforçar estereótipos homofóbicos e racistas”.

O UNAIDS lembra que o risco de contágio não se limita a homens que tenham contacto íntimo com outro homem e que a doença “pode afetar qualquer pessoa”.
pub