Myanmar. Líderes militares de 12 países condenam violência contra manifestantes

por Lusa

Os chefes de Estado-Maior de 12 países ocidentais condenaram, no sábado, o uso de "força letal contra pessoas desarmadas" pelo exército de Myanmar (antiga Birmânia), de acordo com um comunicado comum.

"Enquanto chefes de Estado-Maior, condenamos o uso de força letal contra pessoas desarmadas pelas forças armadas da Birmânia e os serviços de segurança associados", indicaram os 12 responsáveis, na mensagem difundida pelo Pentágono.

Estes militares pediram ao exército birmanês que "ponha fim à violência e trabalhe para restaurar o respeito e a credibilidade perdidos junto do povo birmanês devido às suas ações".

"Militares profissionais devem seguir os padrões internacionais de conduta e são responsáveis pela proteção - e não pelo dano - do povo que servem", salientaram os líderes da Defesa daqueles países: Alemanha, Austrália, Canadá, Coreia do Sul, Dinamarca, Estados Unidos, Grécia, Itália, Japão, Nova Zelândia, Países Baixos e Reino Unido.

Este comunicado, pouco habitual, surgiu depois daquela que foi considerada por vários observadores e organizações a jornada mais sangrenta desde que começaram os protestos em Myanmar contra o golpe militar de 01 de fevereiro.

A organização não-governamental (ONG) Associação de Assistência aos Presos Políticos (AAPP) indicou que pelo menos 90 pessoas morreram nas manifestações de sábado, convocadas para cerca de 40 cidades e regiões como Rangum, Mandalay, Sagaing, Bago, Magwe, Tanintharyi e Kachin.

A repressão ocorreu enquanto o exército birmanês assinalava com um desfile militar, na capital Naypyidaw, o dia das forças armadas no país. Grupos de manifestantes tinham apelado para se transformar este num "dia contra a ditadura militar".

Num relatório, a ONG disse que o número total de vítimas mortais nos protestos desde o golpe de fevereiro subiu de 328 na sexta-feira para mais de 400 hoje, mas a AAPP reconheceu que o número de mortos é "provavelmente muito maior".

De acordo com um órgão de comunicação social local, Myanmar Now, pelo menos 116 pessoas foram mortas no sábado, enquanto na capital, Naypyidaw, o exército birmanês assinalava o dia das forças armadas com um desfile militar.

Num balanço anterior, o Myanmar Now tinha referido que pelo menos 91 pessoas foram mortas no sábado.

Os militares tomaram o poder em 01 de fevereiro por alegadas fraudes nas eleições de novembro passado, vencidas pelo partido de Aung San Suu Kyi. A prémio Nobel da Paz foi deposta pelos militares e detida juntamente com grande parte do Governo civil.

Desde o golpe, a junta militar já prendeu mais de três mil pessoas.

Em fevereiro, os Estados Unidos impuseram sanções contra o comandante do exército birmanês, Min Aung Hlaing, que liderou o golpe militar.

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