Nancy Pelosi bloqueia discurso de Trump "até Governo reabrir"

por Graça Andrade Ramos - RTP
Uma imagem composta por duas fotografias de Donald Trump (esq) e Nancy Pelosi (drt) Kevin Lamarque - Reuters

A Presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, informou esta quarta-feira o Presidente Donald Trump, de que ele não terá autorização para fazer ali o seu discurso anual sobre o Estado da Nação, enquanto durar o shutdown administrativo do país.

Numa carta dirigida a Trump, Pelosi afirma: "estou a escrever para o informar de que a Câmara dos Representantes não vai considerar uma resolução paralela a autorizar o discurso do Presidente sobre o Estado da Nação na Câmara até o Governo reabrir".

A aprovação de uma resolução é necessária para o Presidente se dirigir ao país naquela câmara. O discurso, um marco habitual na política dos Estados Unidos, está marcado para dia 29 de janeiro.

A Presidente da Câmara dos Representantes tinha pedido a Trump para o adiar, mas a resposta de Trump foi manter a data. O Presidente escreveu mesmo a Pelosi, numa carta publicada esta tarde pela Casa Branca, na qual afirmou estar "ansioso" por discursar na Câmara.

"Seria tão triste para o nosso país se [o discurso do] Estado da Nação não se realizasse a tempo, à hora e, mais importante, no local previsto", escreveu Donald Trump.

A polémica sobre o discurso presidencial é fruto do encerramento parcial da administração federal, o qual dura há 33 dias.

O chamado shutdown deve-se ao braço de ferro entre Donald Trump e os Democratas quanto aos fundos exigidos pelo Presidente para construir um muro na fronteira entre os Estados Unidos e o México.Democratas buscam alternativas
Donald Trump invoca razões de segurança e exige quase seis mil milhões de dólares para construir o muro. O Congresso propôs originalmente 1.3 mil milhões de dólares para a segurança fronteiriça, sem prever quaisquer verbas para a construção de um muro.

A falta de acordo para o Orçamento implicou a falta de verbas para pagar salários levando à dispensa dos serviços de 800 mil funcionários. Agências e serviços federais tiveram por isso de ser parcialmente encerrados.

Numa tentativa de ultrapassar o impasse, os democratas estarão a planear levar ao Presidente uma nova proposta.

O representante James Clyburn, o terceiro democrata mais importante da Câmara, disse aos jornalistas esta quarta-feira que seria possível responder ao pedido de Trump por 5.7 mil milhões de dólares para a segurança na fronteira, desde que, em vez de materiais de construção, fossem investidos em ferramentas tecnológicas como drones, raios-x e sensores, assim como no reforço dos agentes de patrulha.

Steny Hoyer, o segundo mais importante dos democratas na Câmara, confirmou que estão a ser debatidas "somas substanciais de novos fundos" para a segurança fronteiriça, como parte de um possível acordo. Não confirmou os montantes envolvidos.
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