"Não é simbólico". Reconhecer um Estado palestiniano oferece "uma perspetiva de futuro"

Reconhecer um Estado palestiniano não é apenas um passo "simbólico", é uma solução que oferece "uma perspetiva de futuro". A afirmação é da ministra dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Palestiniana, Varsen Aghabekian Shahin, que se encontrou com o chefe da diplomacia italiana, Antonio Tajani, esta segunda-feira em Roma. Durante o encontro, Itália reafirmou o seu apoio à autodeterminação palestiniana.

Rachel Mestre Mesquita - RTP /
Foto: Rachel Mestre Mesquita - RTP

"Discutimos o reconhecimento do Estado palestiniano e deixei claro que esse reconhecimento não é simbólico. O reconhecimento do Estado palestiniano dá-nos uma perspetiva de futuro", afirmou Varsen Aghabekian Shahin, numa declaração à imprensa no final do encontro. 

"Mostra-nos que se preserva a solução de dois Estados, que há muito se encontrava enfraquecida. Envia também uma mensagem clara: a única solução consiste em reconhecer um Estado palestiniano que viva em paz e segurança ao lado do Estado de Israel", insistiu a chefe da diplomacia da Autoridade Palestiniana, defendendo a solução como o caminho para a paz e a estabilidade no Médio Oriente. 


Na rede social X, Varsen Aghabekian Shahin, divulgou que durante o encontro insistiu em "medidas concretas para acabar com o genocídio de Israel em Gaza" e "reconhecer o Estado da Palestina como o caminho para a paz e a estabilidade no Médio Oriente". 

Numa publicação mais recente, a ministra palestiniana afirmou que "a Itália reafirmou o seu apoio à autodeterminação palestiniana, à ajuda a Gaza, ao tratamento dos feridos, às bolsas de estudo e à consideração de sanções aos colonos"
É necessário criar o Estado antes de reconhecê-lo

Por sua vez, o Governo italiano de Giorgia Meloni considera que o reconhecimento de um Estado palestiniano não pode ocorrer antes da sua criação: "Enquanto não houver um Estado é difícil reconhecê-lo oficialmente. Reconhecemos a Autoridade Nacional Palestiniana, que acolhemos com um sentimento de verdadeira amizade", declarou o ministro italiano dos Negócios Estrangeiros.

"Antes de o reconhecer oficialmente, é necessário criar o Estado palestiniano, caso contrário, torna-se vago e não produz qualquer efeito. Trabalhamos para obter resultados concretos", assegurou.

Numa mensagem na rede social X, Antonio Tajani, partilhou a visita conjunta com a sua homóloga palestiniana a crianças tiradas de Gaza e hospitalizadas em hospitais de Roma.

"Hoje mostrei à ministra dos Negócios Estrangeiros palestiniana, de visita a Roma, o rosto da solidariedade italiana. A estes pequenos pacientes, aos quais estamos a reservar os melhores cuidados possíveis, queremos oferecer um futuro de paz", escreveu o ministro. 


A Itália é atualmente um dos países do mundo que acolhe mais refugiados de Gaza e pretende acolher também estudantes palestinianos, de acordo com o chefe da diplomacia italiana. "Estamos prontos para fazer mais e acolher não só crianças mas também estudantes", afirmou Tajani, reconhecendo que "não é fácil", de acordo com a agência Anadolu.

De acordo com o ministro italiano, os programas para estudantes dependem de um acordo com as Forças de Defesa de Israel, o Shin Bet, o governo israelita, a Mossad e os palestinianos". "Também estamos prontos para ajudar a população civil nos hospitais palestinianos com os nossos médicos, assim que for declarado um cessar-fogo", acrescentou Tajani.

Recorde-se que, no final de julho, o presidente francês Emmanuel Macron anunciou que França vai reconhecer o Estado da Palestina na Assembleia Geral da ONU marcada para entre 9 e 23 de setembro, em Nova Iorque. Desde então, mais de uma dezena de países ocidentais apelaram a outros países do mundo para que fizessem o mesmo. 

c/agências 
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