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Narges Mohammadi. Nobel da Paz apela ao "fim do silêncio" face à opressão das mulheres no Irão

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Xose Bouzas - AFP

A iraniana Narges Mohammadi, Prémio Nobel da Paz, apelou esta segunda-feira à comunidade internacional para "quebrar com o silêncio e a inação" face à opressão das mulheres iranianas, precisamente dois anos após a morte da jovem curda iraniana Mahsa Amini às mãos das autoridades por não ter respeitado o rigoroso código de vestuário. Este foi o momento que desencadeou o movimento de revolta popular "Mulher, Vida, Liberdade".

"Apelo às instituições internacionais e às pessoas de todo o mundo para que atuem ativamente. Exorto as Nações Unidas a porem termo ao seu silêncio e à sua inação perante a opressão e discriminação devastadoras perpetradas por governos teocráticos e autoritários contra as mulheres, criminalizando o apartheid de género”, declarou Narges Mohammadi numa mensagem transmitida nas redes sociais.

Por ocasião do segundo aniversário do assassinato de Jina Mahsa Amini, uma jovem curda iraniana detida e brutalmente reprimida pela Polícia da Moralidade iraniana por não respeitar o uso obrigatório do véu islâmico, a 16 de setembro de 2022, a ativista iraniana recordou "dois anos difíceis e agonizantes" e celebrou o poder do movimento popular poderoso que provocou mudança na sociedade iraniana."Todos sabemos que nada será como antes", afirmou. "Uma mudança que, embora ainda não tenha derrubado o regime da República Islâmica, abalou os alicerces da tirania religiosa", acrescentou.
 

Narges Mohamaddi apelou para que se "erguesse mais alto as vozes e se reafirmasse a determinação" contra a opressão e discriminação das mulheres no Irão.

A propósito desta luta, no domingo, Mohammadi anunciou uma greve de fome de 34 mulheres presas políticas para "comemorar" os protestos dos últimos dois anos e o "assassinato" de Mahsa Amini, que deveria durar "24 horas", de acordo com a Fundação Narges. 


A jornalista e ativista iraniana, de 52 anos, vencedora do Prémio Nobel da Paz em 2023, está detida na prisão de Evin, em Teerão, onde cumpre atualmente uma pena de prisão de 12 anos, nomeadamente pela sua luta pelos direitos humanos e contra a pena de morte.

Nos últimos dois anos, desde o início da revolta popular sem precedentes "Mulher, Vida, Liberdade", intensificou-se a repressão contra as mulheres e raparigas no Irão. As organizações de defesa dos Direitos Humanos denunciam pelo menos 500 mortes, milhares de detenções arbitrárias e o uso da força das autoridades para reprimir os seus direitos fundamentais.

c/ agências
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