NASA quer equipar Estação Espacial com mais três grandes módulos habitáveis

por Nuno Patrício - RTP
Foto: Axiom Space/DR

A Lua e Marte não são os únicos objetivos da agência espacial norte-americana NASA. Ainda com um olhar sobre as nossas cabeças a Estação Espacial Internacional (ISS em inglês), continua a desempenhar uma papel fundamental na investigação e exploração científica em gravidade zero.

Precisamente com vista à manutenção desta capacidade, a NASA escolheu a Axiom Space, uma empresa americana com sede em Houston, Texas, para projetar, construir e lançar três grandes módulos pressurizados, bem como uma grande janela de observação da Terra, à semelhança da já instalada da ISS.

Foto: Axiom Space/DR

Esta parceria entre a NASA e a Axiom é emitida de acordo com o Apêndice I do Programa de Parcerias Público-Privadas II da Next Technologies para Exploração da NASA (NextSTEP-2) , que a agência espera que estimule o desenvolvimento comercial de recursos de exploração do espaço profundo.

De acordo com um comunicado de imprensa da Axiom, os três módulos que compõem o segmento Axiom serão divididos e aplicados num módulo, em nó, onde acoplará um modulo habitacional, um módulo de pesquisa e fabricação e janela de observação espacial.

De nome Segmento Axiom, o primeiro módulo deste complexo, que é a união (nó) de toda a estrutura, tem já previsão de lançamento no segundo semestre de 2024.

O primeiro módulo Axiom, a concretizar-se esta parceria, será o primeiro grande módulo rígido pressurizado, no segmento americano da estação, a não ser entregue por um veiculo tipo Space-Shuttle.


Uma empresa jovem, mas experiente na área


A Axiom nasceu em 2016. Mas este fator não implica a falta de experiência nas fileiras da empresa.

Micheal Suffredini co-fundador e CEO da Axiom trabalhou na Johnson Space Center (JSC) como gestor do programa do projeto da Estação Espacial Internacional.

Ainda dentro desta equipa ‘especial’ encontramos Michael Lopez-Alegria, um ex-astronauta da NASA que voou três vezes no programa STS (Space-Shuttle) e comandou a 14ª Expedição à ISS, bem como os ex-comandantes STS, Brent Jett e Charles Bolden, o último dos quais serviu como 12.º Administrador da NASA entre 2009 e 2017.

A Axiom também tem coprodução com empresas com experiência no programa ISS, entre elas a Boeing, que criou vários dos módulos que compõem o segmento dos EUA, incluindo o Nó 1 e o US Laboratory Module.

Num comunicado de imprensa da NASA sobre esta parceria "a NASA e a Axiom iniciarão as negociações sobre os termos e o preço de um contrato de preço fixo com um período de desempenho básico de cinco anos e uma opção de dois anos" o que indica que esses detalhes ainda não foram completamente resolvidos e devem ser divulgados à medida que a NASA e a Axiom forem avançado com essa parceria.

Porta de atracagem nº2

Muito embora estes novos módulos ainda sejam embrionários, certo é que já está definido o local onde vão encaixar na Estação Espacial Internacional.

De nome nódulo ou nó número dois, este porto de atracagem espacial já comporta muita história na robusta e velhinha ISS.A Estação Espacial Internacional (EEI) é um laboratório espacial cuja montagem em órbita começou em 1998 e terminou oficialmente em 8 de julho de 2011 na missão STS-135, com o envio do último módulo através do vai-e-vem espacial Atlantis. A estação encontra-se em uma órbita baixa entre os 418 e os 408 quilómetros, o que possibilita ser vista da Terra a olho nu, e viajando a uma velocidade média de 27 700 km/h, completando 15,70 órbitas por dia.

O nó dois, também conhecido como Harmony, foi entregue pelo vai e vem espacial Discovery (STS-120) e acoplado em outubro de 2007, sendo porta de entrada para os restantes voos, como se pode ver na foto disponibilizada pela NASA, durante a missão STS-123, realizada pelo Endeavour, em março de 2008.

Foto: NASA/DR

Desde então é uma das partes mais importantes do segmento americano da estação espacial, sendo este a porta de entrada de astronautas e abastecimento da ISS.

É precisamente nesta ‘porta’ que está atualmente conectada ao módulo Destiny Laboratory da NASA, bem como o módulo Experimental Japonês, Kibo. que será engatado o primeiro segmento do Axion.
Os módulos Axiom serão os primeiros módulos rígidos pressurizados a ser entregues por um veículo não tripulado, à semelhança dos existentes na estação orbital. Para já a forma de entrega ao rementente (ISS) será semelhante aos HTV da JAXA , Cargo Dragon da SpaceX e Cygnus da Northrop Grumman, muito embora nada esteja confirmado ainda.

Será sempre necessário alguma realocação do equipamento conectado ao Nó 2 antes que o primeiro módulo Axiom possa ocorrer, conforme descrito no Apêndice I do NextSTEP-2.


O único hardware que precisa ser movido é o PMA-2, que atualmente ocupa a porta de acoplamento direta do nó dois, e precisará ser movido. Atualmente, não é claro se o PMA-2 será movido para o segmento Axiom ou para outra parte da ISS.


Turismo espacial pode baixar custos e pagar manutenção

Os novos segmentos da Axiom também vão permitir que a Axiom prossiga com os planos de treinar com ‘clientes’ privados que, mediante pagamento, possam viajar até à Estação Espacial.

Num boletim divulgado em novembro, a Axiom confirmou um contrato de viagem no valor de 55 milhões de dólares, realizada com um turista espacial.


Mas este não é o único com tais intenções, planeando a Axiom voar com mais clientes até à ISS duas a três vezes por ano.

A Axiom também confirma que no futuro, e quando a atual Estação Espacial Internacional chegar ao fim de sua vida útil, se separar e juntar aos módulos já existentes uma grande plataforma de painéis solares, que fornecerão a energia e refrigeração ao complexo que já tem nome: 'Estação Axiom'.

Uma nova estação espacial que continuará com as missões contratadas com clientes privados, com promessas de viagens de sonho, duas a três vezes por ano.
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