NATO retira do Afeganistão ao lado de tropas dos EUA

por Graça Andrade Ramos - RTP
Jens Stoltenberg, secretario-geral da NATO, ao lado do secretário de Estado, Antony Blinken, e do secretário da Defesa, Lloyd Austin, dos EUA, na conferência de imprensa em Bruxelas, sobre a retirada das tropas da Aliança do Afeganistão, dia 14 de abril de 2021 Reuters

Os ministros da NATO decidiram esta quarta-feira retirar do Afeganistão até 11 de setembro, em consonância com a decisão anunciada pelo Presidente Joe Biden quanto ao contingente norte-americano.

Jens Stoltenberg, secretário-geral da organização, reconheceu em conferência de imprensa em Bruxelas que a decisão adotada após uma videoconferência entre os ministros dos países NATO foi dura.

"Esta não é uma decisão fácil e comporta riscos", sublinhou. "Como disse muitos meses, estamos perante um dilema. Porque a alternativa a uma retirada ordeira é preparamo-nos para um compromisso de longo-prazo e aberto, com potencialmente mais tropas NATO", acrescentou Stoltenberg, ladeado do secretário de Estado e do secretário de Defesa dos Estados Unidos.

As tropas sob comando NATO atualmente no Afeganistão irão deixar o país em coordenação com a retirada das 2.500 tropas norte-americanas até dia 11 de setembro, quando se completam os 20 anos dos atentados da al Qaida em solo norte-americano que deram origem a 20 anos de guerra. Vários países NATO e da Austrália, Nova Zelândia e Georgia participam no esforço de treino das tropas afegãs, com um total de sete mil homens, dependentes de apoio americano em termos aéreos, de planeamento e liderança.

Quarta-feira, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou em Washington que "é tempo para por fim à guerra eterna". após referir que ao longo dos anos, os objetivos da presença das tropas ocidentais deixaram de ser claros.

"Nunca se pretendeu que fosse um esforço multi-geracional. Fomos atacados. Entramos em guerra com objetivos claros. E conseguimos esses obejtivos", declarou Biden, lembrando que o líder da al Qaida, Osama bin Laden, foi morto numa operação de forças norte-americanas em 2011 e referindo que a organização se tem "degradado" no Afeganistão.

A missão NATO atual em solo afegão denomina-se Apoio Resoluto, e visa treinar e equipar as forças de segurança afegãs que combatem a revolta dos Taliban, afastados do poder desde a invasão norte-americana em 2001.

"Este não é o termo da nossa relação com o Afeganistão mas antes o início de um novo capítulo", afirmou Stoltenberg. "Os aliados NATO irão continuar com o povo afegão mas cabe agora ao povo afegão construir uma paz sustentável que ponha termo à violência".

A Alemanha e a Bulgária foram dois dos 36 países envolvidos na Missão Apoio Resoluto a anunciar de imediato a retirada das respetivas tropas em solo afegão.

A chanceler alemã Angela Merkel e Jose Biden debateram a decisão da NATO quanto ao Afeganistão durante um telefonema esta quarta-feira e acordaram em coordenar em conjuntos os próximos passos, revelou um porta-voz do Governo de Berlim.
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