Nicolás Maduro enfrenta greve geral de 24 horas

por RTP

A oposição ao presidente venezuelano convocou uma greve geral com arranque para as 11 da manhã desta quinta-feira. Nas ruas espera-se uma escalada de protestos contra o governo de Nicolás Maduro. É mais um protesto que se soma às violentas manifestações que enchem a rua desde o início de Abril, tendo já custado a vida a uma centena de pessoas.

A convocatória para a greve geral de 24 horas partiu da oposição a Maduro, com vários grupos a fazerem um ensaio durante esta quarta-feira, deixando várias ruas bloqueadas na capital, Caracas. A greve constitui uma nova ação de protesto e é, sobretudo, a manutenção da atitude desafiadora face ao regime do Presidente Maduro.A greve geral foi convocada pela aliança da oposição Mesa de Unidade Democrática.

A convocatória feita na passada segunda-feira vem na sequência do plebiscito que no domingo sublinhou a rejeição dos 7,5 milhões de venezuelanos que votaram em relação à continuidade de Maduro na liderança do país.

Contados os votos, dentro e fora da Venezuela, 98 por cento disseram ‘sim’ às três perguntas apresentadas: se rejeitavam a eleição de uma Assembleia Constituinte, prevista para 30 de julho; se pediam às Forças Armadas para acatarem as decisões do parlamento, onde a oposição detém a maioria; e se queriam uma renovação dos poderes públicos através do voto, ou seja, eleições.
Preparação para "escalada definitiva"
Nas palavras do vice-presidente do parlamento, Freddy Guevara, a greve geral funciona como “um mecanismo de pressão e preparação para a escalada definitiva da próxima semana”, para “enfrentar a fraude constituinte e conseguir o restabelecimento da ordem constitucional”.

A oposição teme que Nicolás Maduro tente cimentar um regime ditatorial através da nova Assembleia Constituinte defendida pelo Presidente. Este é um tema que ocupa também outros líderes da América do Sul.Os protestos contra Nicolás Maduro intensificaram-se desde 1 de abril, causando pelo menos 94 mortos.

Por exemplo, do Brasil, país onde há muitos críticos do regime venezuelano, chegam as preocupações relativas aos tiques fascistas de Maduro. Aloysio Nunes, ministro dos Negócios Estrangeiros, diz que no Brasil “nos preocupamos muito porque [o referendo] é um elemento de agravamento do conflito, na medida em que vai criar duas ordens institucionais. A ordem da Constituição bolivariana, que criou a Assembleia Nacional, e esta nova Constituinte com base numa legislação que incorpora instituições eleitorais fascistas”.

Em entrevista à Lusa, o chefe da diplomacia brasileira referiu-se à consulta organizada pela oposição venezuelana, com essa participação de mais de sete milhões de pessoas, como um sinal de que o povo quer a democracia: “A mobilização do povo pela democracia mostra a força desta ideia” referiu Aloysio Nunes, reforçando a ideia de um comunicado do seu ministério que apontava o escrutínio como prova do desejo dos venezuelanos de restaurar o Estado democrático de direito na Venezuela.

“A América do Sul é um continente de paz, tem que ser um continente de paz. Nós não queremos que haja uma situação que possa levar a uma guerra civil, uma instabilidade no nosso continente e uma intervenção de gente de fora”, acrescentou o MNE brasileiro, não escondendo o receio de um agravamento das tensões na Venezuela.

Mas Maduro já respondeu aos países que nas últimas semanas vêm manifestando a sua opinião sobre a crise vivida no país que nada poderá deter a realização da Assembleia Constituinte.
pub