Nigel Farage implicado na investigação sobre ligações de Trump a Moscovo

por Andreia Martins - RTP
Nigel Farage num comício de Donald Trump no Mississippi, em agosto do ano passado Carlo Allegri - Reuters

O antigo líder do UKIP é considerado "pessoa de interesse" na investigação do FBI à alegada ingerência da Rússia nas eleições presidenciais norte-americanas, em novembro do ano passado. A notícia é avançada esta quinta-feira pelo jornal britânico The Guardian, que aponta para as ligações de Farage a elementos da campanha de Donald Trump e a Julian Assange, o fundador da WikiLeaks.

Nigel Farage, figura de destaque na campanha para o referendo britânico que ditou o Brexit, poderá agora estar envolvido na alegada interferência da Rússia nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016. 

O jornal The Guardian avança na edição online que o antigo líder do Partido de Independência do Reino Unido (UKIP) é considerado “pessoa de interesse” na investigação do FBI, com base nas ligações que tem com vários nomes proeminentes da campanha de Donald Trump, incluindo o conselheiro Roger Stone, bem como a Julian Assange, representante da WikiLeaks. 

Uma das fontes ouvidas pelo jornal conta que os investigadores “estão a procurar pontos de contacto e pessoas envolvidas”.

“Se juntarmos a Rússia, a WikiLeaks e Assange com apoiantes de Donald Trump, a pessoa que mais surge é Nigel Farage. Ele está precisamente no meio destas relações. Estão a prestar-lhe muita atenção”, acrescenta. 

Farage não foi acusado de nenhum crime nem é um suspeito no âmbito das investigações. A designação “pessoa de interesse” significa apenas que as autoridades consideram que o político britânico pode ter informação relevante para as investigações. 

No ano passado, a WikiLeaks publicou vários e-mails hackeados de Hillary Clinton, a candidata democrata que enfrentou Trump, e do próprio Comité Nacional do Partido Democrático, na corrida à eleição presidencial de novembro. A CIA suspeita que a organização de Julian Assange poderá ter colaborado de perto com a Rússia para a ingerência na campanha eleitoral. 

Mike Pompeo, atual diretor da CIA, acusou a Wikileaks de “querer interferir” nas eleições dos Estados Unidos. John Brennan, antigo diretor da mesma agência, afirmava ainda na semana passada, no Capitólio, que a WikiLeaks tinha cooperado com Moscovo “através de intermediários”. 

A relação de proximidade de Farage com vários elementos da equipa de Trump, nomeadamente Roger Stone, também terá chamado a atenção dos investigadores. Stone foi conselheiro de Trump durante a campanha e já admitiu ter estado em contacto com Guccifer 2.0, um conhecido hacker com ligações ao Kremlin.
"Estou a rir-me tanto"
Ao início da tarde, o próprio político britânico reagia no Twitter e admitia dificuldade em terminar a leitura do artigo do Guardian. "Levei imenso tempo a ler porque estou a rir-me tanto destas notícias falsas", refere.

"Esta tentativa histérica de me associar ao regime de Putin resulta de uma elite liberal que não consegue aceitar o Brexit e o Trump", acrescenta Farage noutro tweet.
Numa última mensagem, o eurodeputado considerou a informação "extremamente duvidosa", uma vez que reitera não ter "quaisquer relações com a Rússia".
“Nunca esteve na Rússia”

Antes da reação no Twitter, o Guardian, o porta-voz de Nigel Farage já tinha reagido com incredulidade às perguntas dos jornalistas e disse que estas“roçavam o histerismo”. 

“O Nigel [Farage] nunca esteve na Rússia, quanto mais trabalhar com autoridades russas”, acrescentou o porta-voz, que não esclareceu se o antigo líder do UKIP tem conhecimento da investigação do FBI. 

O representante de Farage admite que esteve com Assange uma única vez, em março último, na Embaixada do Equador em Londes, onde o fundador da WikiLeaks reside em permanência há cinco anos. Em 2011, um eurodeputado do UKIP discursava em defesa de Assange no Parlamento Europeu.

“Que eu tenha conhecimento, o único político com quem Nigel passou tempo foi com Garry Kasparov”, disse o porta-voz. 

Das ligações à Rússia, Farage participou recentemente em programas da televisão RT. Em 2014, admitia numa entrevista que Vladimir Putin era o líder que “mais admirava”.
A admiração por Trump também nunca foi escondida. No ano passado, aquando da campanha pelo atual Presidente dos Estados Unidos, Nigel Farage participou num comício do republicano em agosto e voltou a visitá-lo dias antes e depois da votação. Em janeiro, o político britânico marcou presença na cerimónia de tomada de posse, em Washington. 



Tópicos
pub