No Iémen, CIA quer disparar primeiro e perguntar depois

por RTP
Veículo destruído por ataque aéreo no Iémen, no sábado passado Epa

A CIA pediu autorização para fazer disparar os seus "drones" sobre alvos iemenitas que não estejam completamente identificados, mas sobre os quais exista a suspeita de poderem estar relacionados com a Al Qaeda. Tanto a CIA como a Casa Branca estão a recusar comentários sobre a notícia hoje veiculada pelo Washington Post

O diário Washington Post cita fontes não identificadas da Administração como origem da notícia segundo a qual a CIA solicitou, para os ataques aéreos contra alvos meramente suspeitos, autorização do NSC (Conselho Nacional de Segurança). A agência aguardaria agora que a autorização lhe fosse concedida.

Em causa estão as chamadas Signature Strikes, que visam por exemplo o transporte de material explosivo ou a concentração de pessoas em edifícios considerados sob controlo da Al Qaeda. Segundo as regras de intervenção vigentes até agora, esses transportes ou esses edifícios apenas poderiam ser tomados como alvos quando as pessoas em causa tivessem sido claramente identificadas.

A clareza da identificação implicava uma série de procedimentos obrigatórios: imagens de satélite, intercepção de comunicações telefónicas e recolha de informações junto de fontes idóneas. Se o NSC conceder a autorização pretendida pela CIA, passará a bastar a simples suspeita para se disparar sobre um alvo.

A nova regra desejada pela CIA para o Iémen não constitui uma novidade absoluta. O NSC poderá aceder ao pedido da agência com base no precedente já largamente testado no Irão e no Paquistão, onde vigora precisamente o tipo de regulamento que agora se pretende introduzir no Iémen.

Os partidários da norma "disparar primeiro e perguntar depois" defendem-na com o argumento de se ter tornado muito mais expedita no Hindustão do que no Iémen a eliminação de alegados terroristas.

Mas aparentemente existem na Casa Branca reservas a dar uma idêntica luz verde à CIA no Iémen, baseadas no receio de que o aumento do número de alvos eliminados vá de mãos dadas com um aumento de vítimas colaterais - e que este agrave rapidamente a impopularidade das intervenções norte-americanas no Iémen.

Mesmo o regulamento antigo e mais conservador não tem poupado as forças norte-americanas a alguns embaraços no Iémen, originados em vítimas acidentais. Assim, dos oito ataques de drones norte-americanos realizados no Iémen nos últimos quatro meses, um deles atingiu, com o alegado dirigente da AL Qaeda iemenita Anwar al-Awaki, também o sobrinho deste, de 16 anos, sem qualquer ligação à organização.

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