Norte-americano libertado acusa Irão de empregar tática de extorsão

por RTP
Siamak Namazi foi um dos americanos libertados na segunda-feira Reuters

Os Estados Unidos e o Irão anunciaram na segunda-feira a libertação de cinco norte-americanos detidos em Teerão, em troca de uma transferência de seis mil milhões de dólares que se encontravam congelados em contas no estrangeiro. Um dos cidadãos libertados denuncia o que diz ser a tática iraniana de extorsão usando nacionais detidos e pede uma ação mais forte por parte da Administração Biden.

Depois de um acordo alcançado para a libertação de cinco americanos detidos no Irão, Siamak Namazi, um dos homens libertados e que esteve preso mais de dois mil dias, disse em comunicado que devem ser tomadas medidas radicais para mudar a ação do Governo iraniano em usar reféns para negociar com outros países.

“Nos últimos 44 anos, o regime iraniano aperfeiçoou o jogo perigoso de prender americanos inocentes e outros estrangeiros para comercializar a sua liberdade. Temos de canalizar rapidamente a dor das vítimas para criar medidas que possam lutar contra os cálculos de custo-benefício deste negócio de Teerão. Se continuarmos a manter este caminho vil para o lucro, este regime [do Irão] continuará a segui-lo”, disse Namazi.

“Apenas quando o mundo livre concordar coletivamente em sanções draconianas contra aqueles que usam as vidas de inocentes como moeda de troca é que o regime iraniano vai ser obrigado a fazer mudanças. Tristemente, ate lá, podemos antecipar que mais americanos e outros estrangeiros vão cair no esquema do Estado que faz reféns”.

Estas palavras surgem após declarações de Joe Biden, que saudou a libertação dos cidadãos norte-americanos, mas as palavras de Namazi vão ao encontro das críticas dos republicanos, que dizem que os Estados Unidos negociaram com um dos principais Estados terroristas do mundo em troca de uma volumosa soma.

De acordo com o Guardian, as autoridades norte-americanas insistem que o dinheiro só pode ser utilizado para ações humanitárias. No entanto, os republicanos afirmam que o dinheiro vai ser usado para financiar atividades terroristas.“Isto não é um pagamento qualquer. Nenhum fundo vai entrar no Irão para empresas ou entidades. Apesar de o dinheiro ser iraniano, o dinheiro foi movimentado de uma conta restrita na Coreia do Sul para outra conta restrita no Catar”, explicou um membro da Administração Biden em comunicado citado pelo jornal.

Os fundos foram congelados em 2019, durante a Administração Trump, como medida de pressão sobre o regime iraniano e está relacionado com uma compra de petróleo da Coreia do Sul ao Irão. Joe Biden tem tido uma atuação diferente em relação ao regime iraniano, tentando libertar norte-americanos que desapareceram nos anos da Presidência de Ahmadinejad.

É o caso de Robert Levinson, um agente reformado do FBI, que desapareceu em 2007 durante uma visita à ilha iraniana de Kish. Sem informações sobre o paradeiro de Levinson, a família anunciou que o norte-americano poderá ter morrido sob custódia do Estado iraniano. Apesar de Ahmadinejad nunca ter negado a detenção de Levinson, também nunca se soube o que aconteceu.

Desde que tomou posse como presidente, Joe Biden declarou que libertar norte-americanos detidos no estrangeiro se tornou uma “emergência nacional”. Assim, o presidente norte-americano pede que não sejam realizadas viagens para o Irão.
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