Londres, 23 abr 2019 (Lusa) - O Novo IRA, grupo republicano dissidente que luta pela reunificação da Irlanda, admitiu hoje a responsabilidade pela morte a tiro da jornalista Lyra McKee, nos confrontos em Londonderry, num comunicado citado pelo jornal The Irish News.
A jornalista, de 29 anos, foi "tragicamente morta" a tiro na noite de quinta-feira, enquanto "se posicionava ao lado das forças inimigas", justificou o Novo IRA.
No sábado, a polícia irlandesa anunciou a detenção de dois homens, com
18 e 19 anos, no âmbito da investigação à morte da jornalista.
Ambos foram entretanto libertados e os agentes detiveram esta manhã uma mulher de 57 anos, em relação com o crime.
Este episódio fez lembrar o período de confrontos, que se prolongaram por três décadas, na província britânica da Irlanda do Norte.
A violência entre nacionalistas republicanos opositores (católicos), defensores da reunificação da Irlanda, e unionistas (protestantes), apoiantes do domínio britânico, fez então cerca de 3.500 mortos antes do acordo que impôs uma retirada das forças britânicas e o desarmamento do Exército Republicano Irlandês (IRA).
Mas os republicanos dissidentes continuaram ativos, como o Novo IRA, criado entre 2011 e 2012.
Este grupo reivindicou a responsabilidade por uma explosão de um veículo armadilhado, em janeiro, em Londonderry.
"Dissidentes republicanos"
Após o ataque foram descobertos explosivos junto dos aeroportos de
Heathrow e da Cidade de Londres, em ações também reivindicadas pelo Novo
IRA.
Segundo as autoridades locais, a jornalista Lyra McKee, de 29 anos, morreu pelas 23h00 (mesma hora em Lisboa) de quinta-feira, em Londonderry, a segunda maior cidade da Irlanda do Norte.
Natural de Belfast, a jovem repórter foi atingida na cabeça por um homem com máscara que disparava contra a polícia no bairro de Creggan, tendo morrido já no hospital.
Em conferência de imprensa na sexta-feira, o inspetor do Serviço de Polícia da Irlanda do Norte Mark Hamilton afirmou que as autoridades acreditavam que este tinha sido "um ato terrorista cometido por violentos dissidentes republicanos".