Novo Presidente do Burundi tomou hoje posse de um país dividido e empobrecido

por Lusa
N. Ngendakumana, Reuters

O Presidente do Burundi, Evariste Ndayishimiye, tomou hoje posse, dois meses antes do previsto, após a morte súbita do seu antecessor, recebendo um país dividido, isolado, empobrecido e afetado pela pandemia de covid-19.

"Perante Deus todo-poderoso, perante o povo burundês, único detentor da soberania nacional, eu, Evariste Ndayishimiye, Presidente da República do Burundi, juro fidelidade à Carta de Unidade Nacional, à Constituição da República do Burundi e à lei", disse o chefe de Estado, 52 anos, ao prestar juramento num estádio em Gitega, a capital administrativa do país.

A cerimónia decorreu sem a presença de qualquer chefe de Estado, e com o pedido expresso para as pessoas chegarem cedo e passarem pelas medidas de saneamento, como tirar a temperatura e lavar as mãos.

Vencedor das presidenciais de 20 de maio, Ndayishimiye deveria tomar posse a 20 de agosto, mas a morte prematura do anterior Presidente, Pierre Nkurunziza, no passado dia 09, depois de 15 anos no poder, antecipou a entrada em funções para hoje.

A transição de poder foi acelerada pelo partido no poder (Conselho Nacional pela Defesa da Democracia - CNDD-FDD), depois de autorizada pelo Tribunal Constitucional, para evitar que o país, cuja história é marcada por várias crises políticas e uma longa guerra civil que fez 300 mil mortos entre 1993 e 2006, ficasse sem líder durante dois meses.

O novo Presidente, Évariste Ndayishimiye, é do mesmo partido de Pierre Nkurunziza, que o tinha apresentado como "herdeiro", segundo lembra a agência de notícias francesa, France-Presse (AFP), e foi um dos principais atores que levou a cabo uma repressão que deixou mais de 1.200 mortos e forçou 400 mil cidadãos ao exílio depois de Nkurunziza ter anunciado a candidatura a um terceiro mandato, em abril de 2015.

A AFP nota que apesar do papel importante, o novo Presidente é considerado mais tolerante do que o seu antecessor e não faz parte da ala mais dura do regime.

Pierre Nkurunziza morreu no passado dia 09, aos 55 anos, na sequência de uma "paragem cardíaca", anunciou em comunicado o Governo do país. No entanto, alguns observadores referem que o chefe de Estado terá morrido por problemas associados à covid-19.

O Burundi é um dos três países mais pobres do mundo, de acordo com o Banco Mundial, que estima que 75% da população viva abaixo do limiar da pobreza, um valor que subiu 10 pontos percentuais desde que Nkurunziza chegou ao poder, em 2005.

A AFP regista apenas uma morte no Burundi e 104 casos, mas ressalva que é provável que haja mortes que, apesar de terem acontecido no seguimento de sintomas do novo coronavírus, não foram registadas como tendo morrido de covid-19.

O número de mortos por covid-19 em África subiu para 7.197, mais 198 nas últimas 24 horas, em cerca de 267 mil casos, segundo os dados mais recentes sobre a pandemia no continente.

De acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), o número de infetados passou de 259.036 para 267.519, mais 8.483.

Já o número de recuperados é de 122.661, mais 4.189.

O primeiro caso de covid-19 em África surgiu no Egito em 14 de fevereiro, e a Nigéria foi o primeiro país da África subsaariana a registar casos de infeção, em 28 de fevereiro.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 445 mil mortos e infetou mais de 8,2 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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