NRP "Setúbal" treina cabo-verdianos antes de regressar a Portugal três meses depois

por Lusa

O navio patrulha da Marinha portuguesa NRP "Setúbal" está a realizar treinos e formações em São Vicente com elementos da Guarda Costeira de Cabo Verde, antes de iniciar o regresso a Portugal, após uma missão de três meses.

"É um treino conjunto, para ambos evoluirmos e aprendermos com as formas de trabalhar das duas Forças Armadas. E isso é sempre uma mais-valia para todos", explicou o comandante do Navio da República Portuguesa (NPR) "Setúbal", o capitão-de-fragata Artur Jorge Martins Dias Marques, atracado desde quinta-feira no Porto Grande, ilha de São Vicente, onde permanecerá até domingo, antes de iniciar a viagem de regresso a Portugal.

Trata-se da segunda passagem do navio patrulha por Cabo Verde, na mesma missão, prevendo agora atividades de mergulho em conjunto com a Guarda Costeira cabo-verdiana, bem como visitas a algumas embarcações desta força naval para apoiar no diagnóstico de avarias, e ao Centro Conjunto de Coordenação de Salvamento, no âmbito da manutenção de equipamentos de rádios.

"Hoje estivemos a desenvolver atividades em relação ao socorrismo em combate, com a equipa de abordagem das Forças Armadas de Cabo Verde e também na parte da tarde assalto a navio com equipa de abordagem de Cabo Verde", contou o comandante do NRP "Setúbal", em declarações aos jornalistas.

A cooperação envolveu hoje duas equipas de seis militares da Guarda Costeira de Cabo Verde e do pelotão de abordagem, que trabalharam com militares para formação de socorrismo, dois no mergulho e oito militares de pelotão de abordagem, sempre tendo como base o navio português.

O comandante Artur Dias Marques explicou que o navio já efetuou uma rota que passou por diferentes países africanos, sendo a segunda vez em Cabo Verde nesta mesma missão.

"O navio saiu de Portugal, enquadrado na iniciativa `Mar Aberto`, a 01 de março. Passamos já pela Guiné-Bissau, estivemos em Cabo Verde, na cidade da Praia, a operar com a Guarda Costeira e a Polícia Nacional, participámos no exercício `Omega Express`, formação e treino das Forças Armadas", explicou.

Nesta missão que leva quase três meses, o NRP "Setúbal" já passou por países da África Central e do Golfo da Guiné, como Costa do Marfim, São Tomé e Príncipe, Angola, Nigéria e Gana.

"E por fim Cabo Verde novamente, desta vez Mindelo, que é um ponto que não poderíamos deixar de praticar antes de voltar a Lisboa, onde esperamos regressar a 30 de maio", adiantou o comandante.

A pandemia, admitiu, condicionou esta viagem, mas não a missão. O comandante explicou que sendo uma missão de cooperação, não deixaram de o fazer em todos os portos visitados, onde realizaram atividades no âmbito da cooperação de defesa, formação, palestras e seminários como previsto.

No entanto, Dias Marques lamentou que a situação pandémica condicione a vertente social da missão do navio: "Por forma a não comprometer a missão, as atividades mais sociais, como receções, almoços, foram suspensas e não foram autorizadas as licenças aos meus militares".

A tripulação, acrescentou, não foi diminuída, pelo contrário, mas foram tomadas medidas de prevenção à transmissão do novo coronavírus, para evitar comprometer a missão.

"Antes de sairmos de Portugal fizemos quarentena, dois testes de covid-19 e ainda fomos vacinados com a primeira dose da vacinação. Não diminuímos a tripulação porque para uma missão destas em que é preciso ter mais valências, nomeadamente mergulhadores, médicos, que normalmente o navio não tem e também uma equipa de abordagem. Tivemos que aumentar porque a guarnição do navio são normalmente 44 militares e para esta missão vieram 60", apontou.

Durante a missão foi mesmo preciso realizar novos testes, que trouxeram na viagem, para despiste ao vírus.

O navio, desenhado pela Marinha portuguesa e construído nos estaleiros de Viana do Castelo, em Portugal, tem 83 metros e apresenta uma velocidade "considerável", capaz de ser "bastante" rápido em caso de alguma necessidade de apoio no mar.

Nesta missão, transporta ainda equipas de abordagem e de mergulhadores, um oficial médico naval e um aspirante a oficial da Escola Naval em estágio, contando com a presença a bordo de um oficial da Guarda Costeira dos Estados Unidos da América e outro da Marinha do Brasil.

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