Brenton Tarrant, um australiano de 28 anos, reivindicou a responsabilidade pelos disparos e transmitiu em direto o momento do ataque às mesquitas de Christchurch. Deixou na rede social Twitter um manifesto de 73 páginas no qual explica as motivações.
O que se sabe sobre o atirador nas mesquitas da Nova Zelândia
O ataque a duas mesquitas na cidade de Christchurch provocou 49 mortos e mais de quatro dezenas de feridos. Foram detidas quatro pessoas - três homens e uma mulher. Para já, é apenas conhecida a identidade de Brenton Tarrant.
No manifesto, o atirador afirma que se inspirou em Anders Behring Breivik - o terrorista norueguês que em julho de 2011 matou 71 pessoas na Noruega - e que pretende “criar um a atmosfera de medo e incitar à violência contra os muçulmanos”.
“Acima de tudo quero mostrar aos invasores que as nossas terras nunca serão as terras deles. As nossas pátrias são nossas”, acrescenta Brenton Tarrant na publicação na sua conta pessoal na rede Twitter.As contas de Tarrant no Twitter, Facebook e Instagram foram entretanto apagadas.
No manifesto o atirador frisa que “enquanto um homem branco viva, nunca vão conseguir conquistar as nossas terras ou substituir os cidadãos”.
“Temos de garantir a existência do nosso povo e um futuro paras as crianças brancas”, acrescenta.
“Apoio muitos daqueles que se posicionaram contra o genocídio étnico e cultural. Luca Traini, Anders Breivik, Dylan Roof, Anton Lundin Pettersson, Darren Osborne, etc.”, escreve no manifesto intitulado A grande Substituição.
At least 49 people were killed in a terrorist attack at two mosques in Christchurch on the South Island of New Zealand, with one of the massacres live streamed on the Internet | @JewelTopsfield https://t.co/cAf8QV8ykh
— The Sydney Morning Herald (@smh) 15 March 2019
“Trabalhei por um curto período para ganhar algum dinheiro que investi em Bitcoins. De seguida, usei o dinheiro do investimento para viajar”, esclarece.
O manifesto de Brenton Tarrant já foi descrito pelo primeiro-ministro australiano como “uma obra de ódio”.
No documento, Tarrant mostra-se obcecado com o declínio das taxas de natalidade nos países ocidentais e cita a crise migratória na Europa como um “genocídio branco”.
O atirador elogia ainda “como um símbolo de identidade branca renovada”, Marine Le Pen e Donald Trump.
A determina altura, Tarrant frisa que “está na hora de parar de escrever publicações e fazer algo real. Vou realizar um ataque contra os invasores, e vou transmiti-lo em direto no Facebook".
O momento do ataque
O atirador usou as redes sociais para transmitir em direto, num vídeo de 17 minutos, o momento do ataque a uma das mesquitas. Fê-lo vestido com roupa militar e equipado com uma GoPro num capacete.
A transmissão na internet começou quando o atirador se dirigiu à mesquita de Al Noor e estacionou o seu carro numa entrada próxima, descreve o jornal New Zeland Herald.
No vídeo vê-se o atirador a conduzir uma carrinha bege, com música celta no rádio, além de várias armas e munições no banco do passageiro dianteiro, bem como recipientes com gasolina.
O indivíduo armou-se e entrou na mesquita, atingindo a primeira vítima na porta de acesso.
O atirador deslocou-se a vários espaços da mesquita, disparando repetidamente, parando várias vezes para recarregar.
Acabou por sair da mesquita pela porta da frente - depois de pouco menos de três minutos no interior e dirigiu-se para a rua -, disparando tiros aleatórios à passagem dos carros.
Brenton Tarrant regressa à viatura para obter mais munições e volta a entrar na mesquita para verificar se ainda existiam sobreviventes. Nessa altura começou a atirar novamente contra as pessoas que se encontravam imóveis.
O vídeo termina quando o atirador sai do local em alta velocidade.