Ómega-3 não protege contra ataques cardíacos ou AVC

por RTP
As gorduras ómega-3 são essenciais para nos mantermos saudáveis. Jason Reed - Reuters

Os investigadores da Cochrane – organização responsável pelo estudo - descobriram que os suplementos de óleo de peixe não fizeram diferença para o risco de morte, ataques cardíacos ou derrames. O único benefício descoberto foi a ingestão de nozes e de margarina, que permitem que haja uma redução de problemas cardiovasculares, embora seja pequena.

Os ensaios que foram conduzidos internacionalmente para testar o verdadeiro efeito do ómega-3. Os estudos tiveram entre 12 a 72 meses de duração e envolveram mais de 112.000 pessoas. Participaram homens e mulheres da América do Norte, Austrália, Ásia e da Europa. Os ensaios incluiram pessoas saudáveis e com doenças.

Dos 79 ensaios realizados, 25 foram considerados de confiança porque foram bem planeados e executados. Na maioria dos testes, algumas pessoas tomaram o suplemento diariamente, enquanto outras ingeriram peixes oleosos – salmão, atum, sardinha e cavala . Em outros testes, pediu-se que as pessoas consumissem mais ALA – ácido alfa-linolénico – presente em nozes ou adicionado à margarina. 
O ómega-3 é considerado um ácido gordo essencial porque o organismo não consegue produzi-lo.
Foi a pedido da Organização Mundial de Saúde que os investigadores iniciaram uma revisão sistemática das gorduras polinsaturada – ácido gordo.

“Podemos confiar nas descobertas desta revisão pois vão contra as crenças populares de que os suplementos ómega-3 protegem o coração (…) Esta revisão incluiu informações de muitos milhares de pessoas durante longos períodos”, disse Lee Hooper, responsável pelo estudo ao Guardian.

A crença de que tomar suplementos de ómega-3 ajuda a prevenir ataques cardíacos, acidentes cardiovasculares e morte prematura cai assim por terra. A publicidade aos suplementos foi resultado dos primeiros testes realizados, nos anos 80 e início dos anos 90, que indicavam que os suplementos tinham benefícios para o coração.
O consumo de gorduras ómega-3 numa alimentação equilibrada é, no entanto, essencial para nos mantermos saudáveis,  sem necessidade de ingestão de suplementos.

“Todos nós acreditámos nisso. Mas nenhum dos testes até agora mostrou esses resultados”, disse Hooper. Segundo o Guardian, o responsável afirma que não há provas suficientes para mostrar se a ingestão de peixes oleosos é ou não benéfica.

“Experiências anteriores mostraram que, embora alguns tipos de dieta estejam ligados a um menor risco de doença cardíaca, quando tentamos identificar o elemento benéfico e fornecê-lo como suplemento, geralmente acaba por não dar nenhum benefício”, disse Tim Chico, professor de Medicina cardiovascular na Universidade de Sheffield, em Inglaterra.

“Para qualquer pessoa que compre suplementos na esperança de reduzir o risco de doenças cardíacas, aconselho a gastarem o dinheiro em vegetais”, sugeriu Chico.

Na realização do estudo vários aspectos foram tidos em conta como: a pressão sanguínea, doenças, efeitos colateriais, desistências, qualidade e vida e custos económicos.
Tipo de gorduras
Os principais tipos de gorduras ómega-3 são: o ácido alfa-linolênico (ALA) – uma gordura que está presente nos vegetais – ácido eicosapentaenóico (EPA) – produz substâncias anti- inflamatórias – e o ácido docosahexaenóico (DHA) – ácido presente nas membranas celulares das células nervosas, que permite a receção e o envio de sinais pelas células. 

O aumento da ingestão de EPA e DHA não tem efeito nas mortes e nos acidentes cardiovasculares, segundo o estudo. No entanto, consumir mais ALA (nozes ou margarina) reduz ligeiramente o risco.

Embora o EPA e o DHA, reduzam os triglicerídeos – gordura mais comum no nosso organismo - as gorduras da ómega-3 não são úteis para prevenir ou tratar doenças cardíacas. 
Tópicos
pub