OMS alerta para aumento de casos de Ómicron. UE estima que variante se torne dominante já em janeiro

por RTP
Zoltan Balogh - EPA

A percentagem de casos globais da variante Delta do coronavírus está a cair pela primeira vez desde abril, enquanto a Ómicron continua a crescer e já está presente em surtos de transmissão comunitária, alertou esta quarta-feira a Organização Mundial de Saúde. No mesmo dia, a presidente da Comissão Europeia afirmou que esta nova variante da Covid-19 deve tornar-se dominante na Europa já em meados de janeiro, embora a União Europeia esteja agora mais bem preparada para combater a pandemia.

No relatório epidemiológico semanal da OMS é revelado que já existem fontes de contágio na comunidade. No documento, a organização destaca que a variante Delta, que em meados do ano já era a dominante no mundo e antes da Ómicron chegou a atingir 99,8 por cento dos casos sequenciados, caiu para 99,2 por cento na última medição realizada pela rede global dos laboratórios GISAID, que colabora com a organização.

Dos 879 mil casos sequenciados em laboratório pela rede nos últimos 60 dias, a grande maioria (872 mil) ainda era da variante Delta, mas a Ómicron já representava 3.755 casos (0,4 por cento), quando há uma semana essa percentagem era de 0,1 por cento, o que indica haver uma rápida progressão.

As evidências atuais, acrescenta o relatório, parecem indicar que a variante Ómicron tem vantagens evolutivas sobre a Delta quando se trata de transmitir e que o faz mais rápido.

Nesta análise, a OMS reitera que a variante parece afetar a eficácia das vacinas contra a infeção e transmissão, aumentando também o risco de reinfecção. Estudos preliminares independentes da OMS mostraram que a Ómicronreduz a proteção contra a reinfecção de quatro das principais vacinas contra a covid-19, aquelas produzidas pela Pfizer-BioNTech, Moderna, AstraZeneca e Johnson & Johnson (Janssen).
"Mais um Natal ensombrado pela pandemia"
Num debate no Parlamento Europeu, também Ursula von der Leyen deixou alertas sobre a nova variante e expressou a sua "preocupação" quando à situação epidemiológica na União Europeia.

"Como muitos de vocês, estou triste por passarmos mais um Natal ensombrado pela pandemia e uma nova variante no horizonte", afirmou a presidente da Comissão Europeia, esta quarta-feira.

Contudo, Von der Leyen admite estar confiante na "força e os meios" da UE para superar a pandemia.

Apontando que "os casos de infeções aumentaram exponencialmente na Europa" e que alguns Estados-membros registam atualmente as mais altas taxas de contágio alguma vez registadas, a presidente do executivo comunitário disse ser importante "ter noção de que este grande aumento nas infeções se deve quase exclusivamente à variante Delta", mas que agora o desafio é "duplo".

"Agora vemos uma nova variante no horizonte, a Ómicron, que aparentemente é ainda mais transmissível. Parece duplicar a cada dois ou três dias. Os cientistas dizem-nos que em meados de janeiro devemos esperar que a Ómicron seja a nova variante dominante na Europa. Mas trabalhámos muito e a Europa está numa melhor posição agora para combater o vírus", declarou.

Atualmente, continuou Von der Leyen, a UE dispõe de "suficientes doses de vacinas para vacinar cada cidadão e cidadã europeia", tendo sido administradas já mais de mil milhões de doses, com 66,6 por cento da população europeia, o equivalente a cerca de 300 milhões de pessoas, já com a "vacinação completa", tendo 62 milhões recebido a dose de reforço.

E, com base nos dados preliminares disponíveis sobre a Ómicron, "a ciência diz-nos que a dose de reforço é a melhor proteção contra a nova variante".
Resposta europeia

Os casos de covid-19, provocados pela nova variante, estão a aumentar de dia para dia e, por isso, o agravamento da situação epidemiológica e a pressão sobre os sistemas de saúde começa a preocupar os responsáveis europeus.

Em França, por exemplo, atingem-se novos recordes de casos. Na terça-feira, o país reportou mais de 63 mil novos casos e 158 óbitos. Em resposta a este aumento dos últimos dias, as autoridades francesas começam a vacinar crianças entre os cinco e os 11 anos, esta quarta-feira.

Já em Itália, perante o crescimento de infeções, vai voltar a ser exigido um teste negativo a todas as pessoas que cheguem de outros países da UE - medida que fica em vigor até ao fim do ano com o objetivo de proteger a época do Natal.

Mas a regra excluiu os não vacinados que, para além de terem um teste negativo à Covid-19, têm de fazer uma quarentena de cinco dias quando chegarem ao território italiano

Só na terça-feira, as autoridades de saúde italianas reportaram mais de 20 mil infeçoes e 120 mortes devido à covid-19.

O Governo italiano continua ainda a tentar convencer os seis milhões de pessoas que se recusam a ser vacinados. Uma das medidas é não pagar salário a funcionários dos setores públicos que neguem a vaciça contra a covid-19.

Neste momento, os italianos já usam o certificado de vacinação para andar de transportes públicos, entrar em hotéis, e frequentar a maior parte dos estabelecimentos fechados.
E, em Portugal, a Ómicron já terá uma prevalência de 9 ou 10 por cento, segundo uma estimativa do Instituto Nacional Ricardo Jorge. Em resposta a este aumento, o Governo português já reforçou as restrições de combate à pandemia e os esforços para que a população receba a terceira dose.

Esta quarta-feira, foi iniciado o auto-agendamento para a vacinação de reforço em pessoas com 60 anos ou mais.

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