OMS pede ação. Xaropes para a tosse matam 300 crianças na Gâmbia, Indonésia e Uzbequistão

por Cristina Sambado - RTP
Towfiqu Barbhuiya - Unsplash

A Organização Mundial da Saúde apelou a uma "ação imediata e concertada" para proteger as crianças de medicamentos contaminados, após uma série de mortes de crianças ligadas a xaropes para a tosse no ano passado.

Em 2022, mais de 300 crianças da Gâmbia, Indonésia e Uzbequistão – maioritariamente com menos de cinco anos – morreram de problemas renais agudos devido a medicamentos contaminados, afirmou a Organização Mundial da Saúde (OMS). Os medicamentos, xaropes para a tosse sem receita médica, tinham níveis elevados de dietilenoglicol e etilenoglicol.

Segundo a OMS, o dietilenoglicol e o etilenoglicol “são produtos químicos tóxicos usados em solventes industriais e agentes anticongelantes que podem ser fatais mesmo em pequenas quantidades, e nunca devem ser encontrados em medicamentos”.

Além da Gâmbia, Indonésia e Uzbequistão, a OMS avançou à Reuters que também as Filipinas, Timor-Leste, Senegal e Camboja podem ser afetados, porque têm os medicamentos à venda.
A OMS apelou ainda aos seus 194 Estados-membros para estarem atentos de forma a evitar mais óbitos.
“Uma vez que estes incidentes não são isolados, a OMS apela aos principais intervenientes envolvidos na cadeia de fornecimento dos xaropes em causa para que tomem medidas imediatas e coordenadas”.

Em outubro de 2022 e no início deste mês, a OMS já tinha enviado alertas específicos pedindo que os medicamentos fossem retirados das prateleiras.


Os xaropes para a tosse em causa são feitos pela Maiden Pharmaceuticals da Índia e pela Marion Biotech, que estão ligados a mortes na Gâmbia e no Uzbequistão, respetivamente.

A OMS também emitiu um aviso em 2022 para os xaropes fabricados por quatro farmacêuticas indonésias, PT Yarindo Farmatama, PT Universal Pharmaceutical, PT Konimex e PT AFI Pharma, que apenas foram vendidos no país.

As empresas envolvidas negaram que os seus produtos tenham sido contaminados e recusaram-se a comentar enquanto decorrem as investigações.


A OMS reiterou o pedido para que os produtos fossem retirados de circulação, e apelou aos países para assegurarem que quaisquer medicamentos para venda sejam aprovados pelas autoridades competentes.“Os fornecedores e distribuidores devem verificar sinais de falsificação e apenas distribuir ou vender medicamentos autorizados”, acrescentou a OMS.

A agência da ONU solicitou também aos reguladores para que inspecionassem os fabricantes, aumentassem a vigilância do mercado e que tomassem as medidas necessárias.

Aos fabricantes, a OMS apelou para que apenas comprem matérias-primas a fornecedores qualificados, que realizem mais testes aos produtos e que mantenham os registos do processo.
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