ONU acusa Israel de manter população de Gaza “presa numa favela tóxica”
O alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos voltou esta sexta-feira a criticar a violência usada pelas forças de segurança israelitas na Faixa de Gaza. Numa sessão especial do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, o responsável diz ainda que a população de Gaza está “presa numa favela tóxica desde o nascimento até à morte, sem dignidade e desumanizada pelas autoridades israelitas”.
“Os palestinianos têm exatamente os mesmos Direitos Humanos que os israelitas. Os mesmos direitos de viver em segurança nas suas casas, em liberdade e com serviços e oportunidades essenciais”, assinalou o responsável durante uma sessão especial do Conselho para os Direitos Humanos das Nações Unidas que decorreu esta sexta-feira, em Genebra, e que pode dar origem a uma comissão de inquérito sobre os episódios recentes de violência.
Zeid fez notar ainda que o “enorme contraste” no número de vítimas é sinal de uma “resposta totalmente desproporcionada”.
“Como uma potência de ocupação sob a Lei Internacional, Israel é obrigado a proteger a população de Gaza e a garantir o seu bem-estar. Mas [a população] está essencialmente presa numa favela tóxica desde o nascimento até à morte, privada de dignidade e desumanizada pelas autoridades israelitas”, acusou o responsável.
#Israel, as an occupying power under int'l law, is obligated to protect the pop. of #Gaza & ensure their welfare. But they are in essence caged in a toxic slum from birth to death; deprived of dignity; dehumanised by the Israeli authorities - #Zeid pic.twitter.com/szDXHqu2y4
— UN Human Rights (@UNHumanRights) 18 de maio de 2018
No início da semana, os protestos na Faixa de Gaza fizeram pelo menos 60 mortos segundo as autoridades palestinianas. As Nações Unidas falam em 43 vítimas mortais só na segunda-feira, dia 14 de maio.
O responsável pelos Direitos Humanos lembra, no entanto, que os protestos já decorrem desde 30 de março. Nas últimas sete semanas, as forças de segurança israelitas mataram pelo menos “87 palestinianos” e fizeram “mais de 12 mil feridos”, das quais mais de 3.500 foram atingidas por munições reais.
O responsável das Nações Unidas pediu ainda que os culpados por estas mortes devem ser responsabilizados. “No que é que te tornas quando disparas e matas alguém que está desarmado e que não representa uma ameaça direta?”, questionou. Uso de força letal como "último recurso"
Num apelo às autoridades israelitas para a resolução do conflito israelo-palestiniano, Zeid Ra'ad Al Hussein considera que o “fim da ocupação” é crucial para que a violência e a segurança cessem.
“Peço a Israel para que aja de acordo com as suas obrigações internacionais. O direito dos palestinianos à vida, à segurança e os direitos à liberdade de reunião e expressão devem ser respeitados e protegidos”, refere o alto-comissário.
Zeid sublinhou ainda que o uso de força letal “deve apenas ser usada em casos de extrema necessidade, como último recurso, em resposta a uma ameaça iminente”.
Segundo as autoridades palestinianas, mais de 100 pessoas morreram nas últimas sete semanas. Só na segunda-feira, o exército israelita matou 62 palestinianos que protestavam junto à zona fronteiriça entre Gaza e Israel.