ONU condena ataques contra pessoal de organizações humanitárias na RCA

por Lusa

A ONU condenou os mais recentes ataques contra pessoal de organizações humanitárias na República Centro-Africana (RCA), país em conflito desde o final de 2012 e onde 63% da população precisa de assistência.

"Todas as vezes que trabalhadores humanitários são atacados, as vidas de milhares de pessoas vulneráveis ??estão em risco", disse na quarta-feira Denise Brown, chefe humanitária da ONU e coordenadora da RCA, em comunicado.

Segundo a ONU, em dois ataques nos dias 07 e 09 de abril seis trabalhadores humanitários e um trabalhador do distrito sanitário da prefeitura de Basse-Kotto (centro-sul) ficaram feridos, um deles gravemente.

"Os ataques forçaram uma organização humanitária a suspender as suas clínicas móveis e atividades para melhorar o acesso à água potável para cerca de 11.000 pessoas em áreas remotas da província de Basse-Kotto", afirma o comunicado.

Segundo a ONU, entre 01 de janeiro e 15 de abril deste ano, foram registados 43 incidentes envolvendo organizações humanitárias na RCA e 11 trabalhadores humanitários ficaram feridos.

A RCA é um dos países mais difíceis para os trabalhadores de organizações humanitárias e no ano passado houve pelo menos um incidente por dia, metade dos quais foram roubos, assaltos e invasões.

No entanto, Denise Brown alertou que as principais vítimas do conflito na RCA são civis.

"A ajuda humanitária é uma questão de vida ou de morte para milhões de pessoas. Os trabalhadores humanitários que vêm em seu socorro de modo neutro e imparcial devem ter acesso livre e seguro", acrescentou a responsável da ONU.

Estima-se que mais de três milhões de pessoas na RCA, 63% da população, precisarão de ajuda humanitária este ano, das quais 2,2 milhões com necessidades graves que, segundo as organizações humanitárias, podem não sobreviver sem a assistência necessária e proteção.

Em 15 de abril, a ONG Ação Contra a Fome (ACH) anunciou que tinha suspendido algumas das atividades que realizava no centro e sul da República Centro-Africana (RCA) após um ataque contra seus funcionários, que causou cinco feridos no dia 07 deste mês, em Basse-Kotto.

A RCA vive um cenário de violência sistémica desde o final de 2012, quando uma coligação de grupos rebeldes do nordeste, de maioria muçulmana - o Séléka - tomou Bangui, a capital, e derrubou o presidente François Bozizé, após dez anos de governo (2003-2013), o que deu início a uma sangrenta guerra civil.

Como resistência aos ataques do Séléka, foram formadas milícias cristãs anti-Balaka que, como o primeiro grupo, acabaram divididas em várias fações armadas.

Atualmente estão empenhados na RCA 191 militares portugueses no âmbito da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana (MINUSCA) e 45 meios. Também na RCA, mas no âmbito da missão de treino da União Europeia (EUTM-RCA), estão no terreno 26 militares.

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