ONU pede mudança do modelo de desenvolvimento na América Latina

por Lusa

A Organização das Nações Unidas (ONU) defendeu hoje a "transformação do modelo de desenvolvimento" na região da América Latina e Caribe e pediu uma "governança global muito mais eficaz" num mundo que enfrenta várias ameaças.

Num relatório publicado hoje sobre a covid-19, a ONU sublinha que a América Latina precisa de implementar, com vista ao futuro, uma "transformação do modelo de desenvolvimento da região", depois de ter sofrido um grave impacto da pandemia, "exacerbado pela fraca proteção social, sistemas de saúde fragmentados e profundas desigualdades".

António Guterres recusou comentar o caso do Brasil, o segundo país com mais mortos por covid-19 no mundo, (113.119 mortos e mais de 4,3 milhões de infetados), respondendo a uma questão feita pela agência Lusa, numa conferência de imprensa realizada hoje de forma presencial e virtual.

"O meu objetivo não é resolver o problema num país, o meu objetivo é que o problema possa ser resolvido globalmente ao mesmo tempo, em todo o mundo", destacou o chefe da ONU.

O novo modelo de desenvolvimento proposto pela ONU na América Latina pede o respeito pelos direitos humanos e a "proteção dos ricos ecossistemas naturais da região".

A ONU defende também "expandir a resposta multilateral a todos os países da América Latina e Caribe, incluindo potencial alívio da dívida, financiamento concessional e assistência humanitária".

O secretário-geral da ONU considerou hoje que "não houve a capacidade de coordenar esforços" em todos os países do mundo na prevenção e combate da covid-19.

"Acho que é claro que em todos os países do mundo não houve a capacidade de coordenar esforços. (...) O vírus avançou por onde pôde e avançou de uma forma trágica", declarou.

António Guterres prosseguiu com o apelo de que "este é momento de unir esforços e responder de uma forma efetiva, para que não venha uma segunda vaga que comprometa todos os avanços que entretanto foram alcançados".

Considerando as alterações climáticas, que a "ameaça nuclear está reposta" e a "desordem total no chamado ciberespaço, com consequências gravíssimas para a nossa vida quotidiana e para a segurança a nível global", António Guterres pediu uma "governança global muito mais eficaz" do que a que temos hoje.

No relatório da ONU, pode ler-se que os grupos populacionais mais afetados na América Latina são as mulheres, os povos indígenas e os afrodescendentes.

A ONU declarou, no relatório, que o mundo ainda está na "fase aguda" da pandemia de covid-19, uma "crise humana" e merece o "maior esforço de saúde pública da história".

A ONU quer concentrar os esforços numa resposta à covid-19 a três níveis: na saúde, na adoção de políticas para a salvaguarda de meios de subsistência, e num processo de recuperação inclusivo e "transformador".

A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 936.095 mortos e mais de 29,6 milhões de casos de infeção em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

O Brasil é o segundo país com mais mortos do mundo (133.199 mortos e mais de 4,3 milhões de casos), depois dos Estados Unidos da América, que contam 195.961 mortos e mais de 6,6 milhões de infetados.

Em número de mortos, o México é o quarto país mais atingido (71,678 mortos, mais de 676 mil infetados).

O Peru e a Colômbia também são dos países mais afetados em número de infetados: o Peru, com mais de 738 mil casos e 30.927 mortos, e a Colômbia, com mais de 728 mil casos e 23.288 mortos.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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