ONU rejeita resolução dos EUA para condenar Hamas

por Joana Raposo Santos - RTP
A resolução partiu de Nikki Haley, republicana e embaixadora dos Estados Unidos para a ONU Carlo Allegri - Reuters

A Assembleia Geral das Nações Unidas rejeitou, na quinta-feira, uma resolução redigida pelos Estados Unidos que pedia a condenação do grupo palestiniano Hamas, que controla a Faixa de Gaza. O Hamas já agradeceu aos Estados-membros da ONU a rejeição da proposta.

Para passar na Assembleia, a resolução precisava do apoio de uma maioria de pelo menos dois terços. Com 87 nações a votar a favor, 57 contra e outras 33 a absterem-se, a proposta não seguiu em frente.Quase todos os países árabes, entre os quais Barém, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Egipto, Marrocos e Omã, votaram contra a resolução.

Foram também as nações a decidir, numa votação prévia, que a resolução necessitaria de dois terços dos votos para passar em vez de precisar apenas de uma maioria simples, o que travou a aprovação.

A resolução, fortemente apoiada por Israel, partiu de Nikki Haley, republicana e embaixadora dos Estados Unidos para a ONU que vai abandonar este cargo no final do ano.

“Não podemos falar de paz no Médio Oriente até conseguirmos concordar em relação à condenação do Hamas e do seu terrorismo”, declarou no Twitter. “A ONU teve hoje uma oportunidade de o fazer, mas falhou”.


Antes da votação, Haley tinha já alertado que, “para que a Assembleia Geral possa defender com credibilidade a reconciliação entre Israel e a Palestina, deverá condenar incondicionalmente e sem ambiguidade o terrorismo do Hamas”.
Hamas agradece, Israel critica
O Hamas já agradeceu aos Estados-membro da ONU por terem “apoiado a resistência do nosso povo e a justiça da sua causa”, atacando Haley por demonstrar “extremismo e apoio ao terrorismo sionista na Palestina”.

Sami Abu Zahri, porta-voz do Hamas, descreveu a votação como uma “bofetada” à Administração Trump, considerando que o Governo norte-americano demonstrou uma consolidada posição pró-Israel ao intrometer-se no processo de paz no Médio Oriente.

Também Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestiniana, que governa a Cisjordânia, aplaudiu a reprovação da resolução dos EUA. “A presidência palestiniana não permitirá a condenação da luta nacional”, declarou.

Israel, por outro lado, defende que a proposta deveria ter passado. Danny Danon, embaixador de Israel para a ONU, declarou que os países que chumbaram a resolução deviam ter “vergonha” e Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelita, elogiou as nações que votaram a favor.

“Apesar de não ter obtido uma maioria de dois terços, esta é a primeira vez que uma maioria de países votou contra o Hamas e eu felicito cada uma das 87 nações que assumiram essa posição”, afirmou Netanyahu.
“Solução de dois Estados”
Uma segunda resolução, desta vez apresentada pela Irlanda na Assembleia Geral da ONU, propôs uma “solução de dois Estados” para Israel e Palestina, fazendo referência a um futuro acordo de paz.

Esta resolução passou com 156 países a votar a favor e apenas Israel, Estados Unidos, Austrália, Libéria e Ilhas Marshall a votar contra.

A presidência palestiniana agradeceu, esta sexta-feira, a aprovação da proposta que tem como objetivo “a conquista, sem demoras”, da paz duradoura no Médio Oriente, de modo a que os dois Estados possam “viver lado a lado em segurança dentro de fronteiras reconhecidas”.
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