Organização para a Proibição de Armas Químicas suspende direitos da Síria

por Lusa

Os Estados membros da Organização para a Proibição de Armas Químicas aprovaram hoje a suspensão dos direitos da Síria devido à sua presumível utilização deste tipo de armamento, uma decisão sem precedentes na história da OPAQ.

Apoiada pelos países ocidentais, como a França, o Reino Unido e os Estados Unidos, a moção para privar Damasco dos seus "direitos e privilégios" obteve a maioria necessária de dois terços dos votos.

"Face a este resultado, o projeto de resolução é aprovado", anunciou Jose Antonio Zabalgoitia Trejo, que presidia à reunião dos países membros da OPAQ sediada em Haia.

No total, 87 países votaram a favor da moção, 15, incluindo a Síria, Rússia, China e Irão, votaram contra, e 34 abstiveram-se. Participaram na votação 136 dos 193 Estados membros.

A Síria ficará sem direito de voto na conferência anual dos países membros, não poderá ser eleita para o conselho executivo e não poderá ocupar qualquer posto na organização.

O regime sírio é acusado de ter utilizado sarin e cloro em três ataques em março de 2017 na aldeia de Latamné (norte) ocupada por rebeldes. Damasco nega e afirma que os ataques foram encenados.

A Síria e o seu aliado russo acusaram as potências ocidentais de realizarem, através da OPAQ, uma campanha "politizada".

A moção indica que a OPAQ "decide, após uma análise minuciosa e sem prejuízo das obrigações da República Árabe Síria sob a Convenção (sobre as armas químicas), suspender os direitos e privilégios" da Síria.

A Síria é criticada por ter deixado sem resposta as perguntas da OPAQ após a publicação o ano passado de um relatório da instância indicando que o regime sírio tinha utilizado sarin e cloro em Latamné.

Damasco também não respeitou o prazo de 90 dias estabelecido pela OPAQ para declarar as armas utilizadas e revelar os seus restantes `stocks`.

A pressão aumentou na semana passada após a divulgação de um segundo relatório da OPAQ incriminando Damasco, desta vez por um ataque com cloro na cidade de Saraqeb em 2018.

Segundo dados do Observatório Sírio dos Direitos Humanos, a guerra na Síria, que já entrou no seu 11.º ano, matou pelo menos 388.652 pessoas, incluindo mais de 117.380 civis, e obrigou milhões a abandonarem as suas casas.

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