Organizações denunciam "sequestros recorrentes" de cidadãos no Burkina Faso

por Lusa

Onze organizações da sociedade civil no Burkina Faso denunciaram esta quinta-feira "sequestros recorrentes" e "detenções arbitrárias" de cidadãos, apelando ao regime militar no poder para libertar os detidos e proibir estas práticas.

Estas organizações lamentaram, num comunicado consultado esta quinta-feira pela agência France-Presse (AFP), as "detenções de cidadãos (por vezes no meio da rua) por indivíduos vestidos à paisana, encapuzados ou que se apresentam com o rosto descoberto como sendo elementos das Forças de Segurança Interna (FSI)".

"Estas práticas constituem nada mais nada menos que sequestros", acrescentaram, sublinhando que "as pessoas raptadas são geralmente levadas sem motivo oficial declarado e são detidas em locais mantidos em segredo pelos seus captores".

Os denunciantes mencionaram ainda uma lista de personalidades raptadas, na qual surge o advogado Guy Hervé Kam, os defensores dos direitos humanos Daouda Diallo e Lamine Ouattara ou o antigo ministro Ablassé Ouedraogo.

"Estes raptores também parecem ter-se dirigido agora para os campus universitários de Ouagadougou", destacaram ainda, mencionando raptos de estudantes em janeiro e fevereiro.

O capitão Ibrahim Traoré, que chegou ao poder através de um golpe de Estado em setembro de 2022, assinou em abril um decreto de "mobilização geral" de um ano, permitindo a requisição de "jovens com 18 anos ou mais" para lutar contra os `jihadistas` cujos ataques devastam o país há quase dez anos.

Este decreto também estipulou que "os direitos e liberdades individuais e coletivos garantidos por leis e regulamentos podem, em certos casos, ser restringidos ou limitados".

Na quarta-feira, o governo burquinense prorrogou este decreto por mais um ano.

As organizações, incluindo o Balai Citoyen e o Movimento Burkinabè pelos Direitos Humanos e dos Povos (MBDHP), apelam ao regime para libertar "sem demora ou condição" qualquer pessoa "presa ilegalmente e detida arbitrariamente nos termos da lei" e para "proibir definitivamente" essas práticas.

Desde 2015, o Burkina Faso tem sido confrontado com a violência `jihadista` atribuída a movimentos armados afiliados à Al-Qaeda e ao grupo Estado Islâmico, bem como com represálias atribuídas às forças armadas e aos seus auxiliares, que causaram cerca de 20 mil mortos e dois milhões de deslocados.

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