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Países Baixos. Resultados eleitorais devem afastar extrema-direita da governação
Após as eleições legislativas que decorreram esta quarta-feira, o partido centrista D66 deverá conquistar 27 dos 150 lugares no Parlamento, à frente do líder da extrema-direita Geert Wilders e do seu partido PVV, que deverão obter 25 lugares.
De acordo com uma sondagem da Ipsos à boca das urnas, nenhum partido está proximo de conseguir a maioria obsoluta pelo que, mais uma vez, o futuro governo dos Países Baixos terá de ser negociado. Tal cenário deverá afastar do poder a extrema-direita de Wilders.
Depois de uma experiência turbulenta a governar com a extrema-direita, a
maioria dos principais partidos descartou, desta vez, uma aliança com o
PVV.
Nos Países Baixos, as sondagens à boca das urnas refletem geralmente bastante bem a composição do Parlamento, mas a distribuição dos lugares pode mudar à medida que a contagem avança.
Rob Jetten, líder do partido centrista Democratas 66 (D66), reagiu à sondagem da Ipsos e mostrou-se disposto a procurar a cooperação entre os restantes partidos tradicionais, abrindo caminho a uma coligação governamental alargada e estável, sem a extrema-direita.
O líder centrista declarou que os eleitores viraram as costas à política do ódio.
"Milhões de holandeses viraram hoje a página. Despediram-se da política da negatividade e do ódio", disse Jetten num discurso aos seus apoiantes em festa.
"Milhões de holandeses viraram hoje a página. Despediram-se da política da negatividade e do ódio", disse Jetten num discurso aos seus apoiantes em festa.
Jetten subiu nas sondagens nos últimos dias graças a uma mensagem otimista e a uma forte presença nos media.
"Quero trazer os Países Baixos de volta ao coração da Europa porque, sem a cooperação europeia, não chegamos a lado nenhum", frisou à Agência France Press, após votar em Haia.
"Quero trazer os Países Baixos de volta ao coração da Europa porque, sem a cooperação europeia, não chegamos a lado nenhum", frisou à Agência France Press, após votar em Haia.
"Oposição forte"
Os resultados eleitorais afiguram-se assim como uma desilusão para Wilders, que impôs os seus temas durante a campanha e que tem marcado o discurso político com os seus apelos ao endurecimento das políticas de imigração e contra o Islão.
O PVV liderou de forma constante as sondagens anteriores às eleições legislativas desta quarta-feira, e pode mesmo vir a vitorioso, apesar das indicações da Ipsos.
Mas, mesmo que isso se verifique, uma vez que a margem de erro é de até três lugares, uma eventual vantagem afigura-se curta para Wilders negociar.
O líder da extrema-direita holandesa reagiu à sondagem à boca das urnas e afirmou-se desapontado com o resultado do seu Partido da Liberdade, esta quarta-feira.
"Os eleitores falaram. Esperávamos um resultado diferente, mas mantivemo-nos fiéis a nós próprios", sublinhou na rede social X.
"Ainda podemos sair vitoriosos" comentou, admitindo que, provavelmente, não fará parte do próximo governo, caso o partido centrista D66 seja confirmado como vencedor.
O líder do D66, Rob Jetten, assumiria enquanto vencedor, a liderança na formação do governo, o que provavelmente excluiria o PVV, afirmou Wilders.
"Vai encontrar um partido de oposição forte", concluiu, perante a perspetiva do seu partido perder 12 lugares em comparação com a sua retumbante vitória eleitoral em 2023.
O líder do D66, Rob Jetten, assumiria enquanto vencedor, a liderança na formação do governo, o que provavelmente excluiria o PVV, afirmou Wilders.
"Vai encontrar um partido de oposição forte", concluiu, perante a perspetiva do seu partido perder 12 lugares em comparação com a sua retumbante vitória eleitoral em 2023.
Aposta falhada
Os eleitores holandeses parecem ter rejeitado Wilders e as suas políticas, ou penalizaram-no por ter provocado mais uma crise política.
Os eleitores holandeses parecem ter rejeitado Wilders e as suas políticas, ou penalizaram-no por ter provocado mais uma crise política.
O líder do PVV provocou em junho a queda do anterior executivo, que integrava, e que recusou a sua estratégia de endurecimento de políticas migratórias.
Estas são as terceiras eleições legislativas em três anos, após a queda de três governos de coligação. Impasses governativos sucessivos dominam os Países Baixos desde que o
ex-primeiro-ministro, Mark Rutte, abandonou o Executivo para a assumir a
liderança da NATO.
O cenário político holandês é extremamente
fragmentado, com a esquerda e a direita a posicionam-se como
alternativas à extrema-direita e relutantes em voltar a governar com ela.
O líder holandês de extrema-direita, de 62 anos, esperava fortalecer a sua posição com a sua estratégia de rotura, de forma a poder impor as suas linhas duras.
A aposta ficou aquém do que desejava.
Europa atenta
Outro desiludido é o antigo vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, que anunciou a sua demissão da liderança da Aliança Verde de Esquerda (GL-PvdA), após os resultados abaixo das expectativas.
"Esta noite, renuncio à liderança do partido. É com o coração apertado", disse Timmermans num discurso.
A sua aliança deverá conquistar 20 lugares no Parlamento, em comparação com os 25 da legislatura anterior, segundo as sondagens à boca das urnas. As eleições neerlandesas foram seguidas de perto em toda a Europa, uma vez que se esperava que fornecessem uma avaliação da extensão da ascensão da extrema-direita em todo o continente, particularmente no Reino Unido, França e Alemanha.
"Esta noite, renuncio à liderança do partido. É com o coração apertado", disse Timmermans num discurso.
A sua aliança deverá conquistar 20 lugares no Parlamento, em comparação com os 25 da legislatura anterior, segundo as sondagens à boca das urnas. As eleições neerlandesas foram seguidas de perto em toda a Europa, uma vez que se esperava que fornecessem uma avaliação da extensão da ascensão da extrema-direita em todo o continente, particularmente no Reino Unido, França e Alemanha.
Assim que o resultado final for conhecido, terá início um longo período de negociações entre os partidos para formar uma coligação, um processo que pode demorar meses.
O Parlamento dos Países Baixos tem 150 lugares, atualmente divididos entre 15 partidos, número que as sondagens preveem que se mantenha após a votação de hoje, na qual participaram 27 partidos.
O Parlamento dos Países Baixos tem 150 lugares, atualmente divididos entre 15 partidos, número que as sondagens preveem que se mantenha após a votação de hoje, na qual participaram 27 partidos.
Participação elevada
Cerca de 13,4 milhões de cidadãos neerlandeses foram esta quarta-feira às urnas para eleger a composição do Parlamento nacional, de onde sairá a futura coligação governamental, na terceira eleição realizada no país em menos de cinco anos.
De acordo com as sondagens, será necessária uma coligação de pelo menos
quatro ou cinco partidos para alcançar os 76 lugares necessários para
uma maioria absoluta.
A meio da tarde, 38% dos 13,4 milhões de eleitores holandeses aptos a votar já tinham comparecido às urnas, menos dois pontos percentuais do que à mesma hora nas eleições de 2023. O dia decorreu sem incidentes, com as urnas a encerraram às 21:00 (20:00 em Lisboa).
A participação final nas eleições de 2023 foi de 77,7 por cento, um dos níveis mais elevados da última década.
Com agências