"Panama Papers" confirmam aumento do narcotráfico na América Central

por RTP
Os documentos da Mossack Fonseca levaram à descoberta de uma "rede criminosa internacional dedicada a branquear o produto do narcotráfico" Daniel Becerril - Reuters

A divulgação dos chamados Papéis do Panamá veio consubstanciar um aumento das atividades de narcotráfico na América Central, a par das redes de branqueamento de capitais. É o que mostra um relatório da ONU agora divulgado em Viena.

"A magnitude do aumento das atividades criminosas relacionadas com o tráfico de drogas nos países da América Central confirmou-se com a divulgação dos chamados Panama Papers”, confirma o relatório do Órgão Internacional de Controlo de Estupefacientes (INCB) de 2016.

Os documentos provenientes da empresa Mossack Fonseca, com sede no Panamá, levaram à descoberta de uma "rede criminosa internacional dedicada a branquear o produto do narcotráfico", acrescenta-se no mesmo documento.

O INCB indicou ainda que as operações policiais "trouxeram à luz as redes internacionais existentes na América Central e no Caribe e os métodos que se utilizavam para o branqueamento do dinheiro provenientes de atividades criminosas, em particular o narcotráfico".

O organismo da ONU salienta que a DEA, agência dos Estados Unidos dedicada ao combate ao tráfico de droga, detetou um sistema de branqueamento baseado no contrabando de grandes quantidades de dinheiro e emissão de faturas falsas.
O ambiente também é afetado
Também em relação à lavagem de dinheiro, o INCB refere o grande impacto do narcotráfico no meio ambiente dos países da América Central e Caribe.

O relatório aponta a compra de superfícies florestais em zonas remotas, posteriormente transformadas em terras de cultivo, "que permitem aos grupos criminosos controlar o território nas regiões fronteiriças e realizar uma atividade que facilita o branqueamento de capitais".

"A desflorestação intensificou-se nas zonas afetadas pelo tráfico de droga, não só para a construção de estradas e pistas de aterragem clandestinas, mas também através do pagamento de subornos para que os habitantes locais abandonem as suas terras”, acrescenta.

Já em relação à violência o documento indica que os números decresceram nos últimos anos. Isto apesar do ainda elevado número de homicídios em 2016.
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