Papa convoca reunião inédita para discutir abusos sexuais na Igreja Católica

por Joana Raposo Santos - RTP
O anúncio chega após uma onda de escândalos de abusos a menores em vários países Tony Gentile - Reuters

O Papa Francisco convocou esta quarta-feira os principais bispos de todo o mundo para uma reunião no Vaticano em que pretende discutir os recentes escândalos de abusos sexuais na Igreja e determinar novas formas de proteger os menores. O encontro está marcado para entre 21 e 24 de fevereiro do próximo ano.

"Após ter ouvido o Conselho dos Cardeais, o Papa Francisco decidiu convocar uma reunião sobre o tema da proteção de menores com os presidentes das Conferências Episcopais da Igreja Católica", comunicou a assessoria de imprensa do Vaticano.

O anúncio chega depois de uma onda de escândalos de abusos a menores em vários países ter arrasado a Igreja Católica e levado a que as críticas ao Papa Francisco aumentassem.

Nos Estados Unidos, um relatório de quase 900 páginas revelou que mais de 300 padres do Estado norte-americano da Pensilvânia abusaram sexualmente de cerca de mil menores nos últimos 70 anos. O Papa deverá encontrar-se na quinta-feira com líderes da Igreja dos EUA que pretendem discutir as consequências deste relatório.

O cardeal Daniel DiNardo, presidente da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos, solicitou este encontro depois de o arcebispo Carlo Maria Vigano ter pedido ao Papa que se demitisse.No Chile, 34 bispos apresentaram uma demissão coletiva após terem sido acusados de ocultarem, durante décadas, situações de abusos de menores no país.

Em causa está a acusação de que o máximo pontífice tinha, há vários anos, conhecimento do caso de abusos sexuais por parte de um antigo cardeal da Igreja Católica norte-americana, nunca tendo tomado medidas em relação ao assunto.

Um núcleo de mulheres católicas publicou na Internet uma petição para que o Papa responda a esta acusação. Em menos de duas semanas, a petição já reuniu mais de 44 mil assinaturas.

Vários bispos portugueses manifestaram recentemente a sua solidariedade para com o Papa, escrevendo-lhe uma carta onde garantiram estar do seu lado na política de tolerância zero em relação aos abusos de menores.
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