Paquistão quer investigação da ONU na Caxemira indiana por temer genocídio

por Lusa

O ministro dos Negócios Estrangeiros do Paquistão pediu hoje ao Conselho dos Direitos Humanos da ONU que inicie uma investigação sobre as ações da Índia na Caxemira indiana, temendo que ocorra um "genocídio" naquela região.

"A população de Jammu e Caxemira ocupado teme o pior (...). Eu tremo com a ideia de mencionar o termo genocídio aqui, mas mesmo assim é o que tenho de fazer", disse Shah Mehmood Qureshi, perante o Conselho dos Direitos Humanos da ONU, em Genebra.

"As cidades, as montanhas, as planícies, os vales abandonados, traumatizados em Jammu e Caxemira fazem lembrar Ruanda, Srebrenica, Rohingyas e o pogrom de Gujarat. Uma catástrofe está prestes a ocorrer", acrescentou.

O ministro paquistanês também apoiou os pedidos da Alta Comissariada das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, para uma investigação internacional.

"Deveria haver medidas para levar à justiça os autores de violações dos direitos humanos (...) e, assim, criar-se uma comissão internacional de inquérito", afirmou Qureshi.

A Caxemira, dividida entre a Índia e o Paquistão desde 1947, está na origem de dois grandes conflitos e inúmeros confrontos entre esses dois países.

As tensões têm sido intensas entre os dois países vizinhos desde o anúncio pelas autoridades indianas, no início de agosto, da revogação do estatuto especial da região de Jammu e Caxemira.

Desde 2018, o Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos apelou repetidamente ao Conselho de Direitos Humanos para lançar uma comissão de inquérito internacional.

Esse tipo de investigação geralmente é reservado para grandes crises, como o conflito na Síria, e deve ser decidido pelos 47 Estados membros do Conselho.

Na segunda-feira, Michelle Bachelet disse novamente que estava "muito preocupada com as recentes ações do Governo indiano em relação aos direitos humanos da população da Caxemira, particularmente no que diz respeito às restrições a Internet e ao direito de reunião pacífica e a detenção de líderes e ativistas políticos locais".

A alta comissária da ONU explicou que "fez um apelo especial à Índia para flexibilizar as atuais restrições e o recolher obrigatório, garantindo que as pessoas tenham acesso a serviços básicos e o respeito do direito a um julgamento justo para todos aqueles que foram detidos".

 

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