Partido de Viktor Orbán deixa maior grupo político do Parlamento Europeu

por RTP
Reuters

Está consumado o divórcio entre o Partido Popular Europeu, o maior grupo político do Parlamento Europeu, e o partido Fidesz, liderado pelo primeiro-ministro da Húngria, Viktor Orbán.

A demissão dos 11 deputados do partido húngaro foi feita por carta, dirigida ao líder do grupo parlamentar, depois de uma maioria de dois terços dos eurodeputados do PPE ter decidido esta manhã suspender os membros do Fidesz.

Este é o resultado de um longo conflito interno na principal família política europeia, por causa das inúmeras quebras no respeito pelas regras do Estado de Direito na Hungria.

O Partido Popular Europeu (PPE), a maior família política europeia, adotou hoje um novo regulamento interno que permite a suspensão de delegações inteiras, o que teve como efeito imediato a saída do Fidesz, o partido do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban.

Na reunião desta quarta-feira, o grupo do PPE -- que integra o PSD e o CDS-PP -- aprovou por maioria qualificada as novas regras internas, "de forma a adaptá-las ao atual funcionamento do Grupo, nomeadamente para permitir um bom funcionamento à distância".

As regras especificam novos procedimentos relativos às condições para as suspensões e exclusões, que passam a abranger delegações inteiras e não apenas deputados.

Ainda a reunião do grupo parlamentar decorria, quando o líder parlamentar, Manfred Weber, anunciou que, na sequência da adoção do novo regulamento interno, o primeiro-ministro húngaro lhe comunicou a saída do Fidesz do PPE.

Na missiva dirigida a Weber, Orbán considera que as alterações ao regulamento interno do PPE constituem "claramente uma jogada hostil contra o Fidesz", que deixa assim o grupo com efeitos imediatos.

A vice-presidente do partido colocou a carta na rede social Twitter. Katalin Nov´kk assegura que o Fidesz não permitirá que os seus deputados “sejam silenciados ou limitados na sua capacidade de representar os eleitores” e aponta as novas regras decididas pelo PPE como a razão da saída.

“Os nossos deputados vão continuar a falar em nome dos que representa, os seus eleitores, defendendo os interesses do povo húngaro”, assegura Orbán, na missiva.

O mal-estar entre o Fidesz e o grupo parlamentar prendia-se com posições assumidas pelo partido, consideradas antieuropeias e medidas, ao nível governamental, julgadas atentatórias aos direitos fundamentais, o que levava muitos membros do PPE a reclamarem a sua exclusão.

A União Europeia criticou Orbán por colocar tribunais, media, académicos e organizações não governamentais sob controle governamental mais rígido. Orbán negou as críticas, sem mudar de rumo.

"Congratulo-me com a saída há muito esperada de Fidesz e Viktor Orbán da política europeia dominante", disse Dacian Ciolos, chefe do grupo liberal no Parlamento Europeu. "Não há espaço para o populismo tóxico do Fidesz na corrente política europeia."

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