Pellegrini e Korcok disputam segunda volta das presidenciais na Eslováquia

por Lusa
Reuters

O social-democrata Peter Pellegrini, apoiado pelo Governo de coligação na Eslováquia que defende laços com Rússia e Hungria, e o diplomata Ivan Korcok, aliado da oposição liberal que defende a ajuda militar à Ucrânia, vão disputar a segunda volta das presidenciais em 06 de abril.

Com 64% dos votos escrutinados, Pellegrini garante 40% do total de votos expressos, contra 36% para Korcok, indicou o gabinete de estatística eslovaco.

Desde o seu regresso ao poder na liderança de uma coligação de formações de esquerda soberanista e um pequeno partido ultranacionalista, o primeiro-ministro Robert Fico reorientou a política externa numa direção mais favorável à Rússia, e entrou em conflito com o sistema judicial, desmantelando a Procuradoria anticorrupção que investigava altos cargos do partido do chefe de Governo.

Neste contexto, a presidência converte-se numa posição decisiva para controlar o poder executivo.

"O país não está bem e quero que se mova" disse Korkoc após conhecer os resultados provisórios.

A taxa de participação rondou os 50%, ligeiramente superior aos 48% registados há cinco anos.

Ao comentar os resultados, Pellegrini sublinhou que o país necessita de "concórdia" e "não ser testemunha de contínuos conflitos entre políticos e representantes institucionais".

Apesar de possuir poderes protocolares, o chefe de Estado pode desempenhar uma importante função na balança do poder. Eleito por cinco anos, é o comandante em chefe das Forças Armadas, negoceia e ratifica tratados internacionais, designa os principais juízes, incluindo o presidente do Supremo Tribunal, e concede amnistias. Pode ainda aplicar o veto inicial a leis adotadas pelo parlamento e que recuse promulgar.

A guerra na Ucrânia, agravada pela invasão militar em larga escala da Rússia em fevereiro de 2022, manteve-se um elemento central da campanha eleitoral no pequeno país da Europa central proveniente da dissolução pacífica da Checoslováquia em janeiro de 1993 e que deu origem à Eslováquia e à República Checa.

A guerra na Ucrânia fraturou a sociedade eslovaca, uma divisão reconhecida pelo próprio Pellegrini, que antes das legislativas de setembro era encarado como uma potencial influência moderada sobre Fico.

Pellegrini, 48 anos, é ainda dirigente do Hlas-SD (Voz -- social-democracia), uma formação pró-europeia e parceiro menor do Governo dirigido pelo Smer (Direção -- social-democracia) de Robert Fico, uma formação nacionalista de centro-esquerda, e que também inclui o pequeno partido ultranacionalista SNS (Partido Nacional Eslovaco).

Ivan Korcok, 59 anos, coloca-se decididamente no campo pró-ucraniano. Apesar de surgir como candidato independente, é apoiado pelos partidos da oposição para quem uma vitória de Pellegrini permitiria indultos presidenciais a aliados do Governo considerados culpados de corrupção.

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