Pelo menos 300 migrantes desaparecidos ao largo das Ilhas Canárias

por Cristina Sambado - RTP
Barcos usados pelos migrantes no porto de Arinaga, na ilha da Gran Canária Reuters

Pelo menos 300 pessoas que viajavam em três barcos provenientes do Senegal com destino às Ilhas Canárias, de Espanha, foram dadas como desaparecidas, revelou no domingo o grupo de ajuda aos migrantes Walking Borders.

Duas das embarcações transportavam cerca de 65 pessoas e a outra entre 50 e 60. Deixaram o Senegal há 15 dias para tentar chegar a Espanha, revelou Helena Maleno, da Walking Borders, à agência Reuters.

Um outro barco partiu do Senegal a 27 de junho com cerca de 200 pessoas a bordo.

Segundo Helena Maleno, “as famílias estão muito preocupadas. Há cerca de 300 pessoas da mesma zona do Senegal. Partiram devido à instabilidade no país”.

As embarcações de pesca partiram de Kafountine, no sul do Senegal, que fica a cerca de 1.700 quilómetros de Tenerife, uma das Ilhas Canárias.

As equipas de salvamento espanholas, com a ajuda de um avião, estão a realizar buscas ao largo das Canárias.

A agência EFE avança que a bordo dos três barcos estão muitas crianças.

A viagem da África Ocidental para as Ilhas Canárias é uma das rotas mais perigosas, porque os migrantes navegam em simples barcos de pesca que são facilmente arrastados pelas fortes correntes atlânticas.

Em 2022, pelo menos 559 pessoas morreram afogadas ao tentar chegar às ilhas espanholas, segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM). O número de mortos em 2021 foi de 1.126. A rota migratória atlântica, uma das mais mortíferas do mundo, é normalmente usada por migrantes da África subsariana. Em 2022, pelo menos 559 pessoas, incluindo 222 crianças, morreram ao tentar chegar às Canárias.

A OIM cita dados do Ministério espanhol do Interior que revelam que 15.682 pessoas chegaram irregularmente às Ilhas Canárias em 2022, menos 30 por cento que em 2021.

“Apesar da diminuição ano a ano, os fluxos aos longo desta rota perigosa desde 2020 permanecem elevados em comparação com anos anteriores”, acrescenta a OIM.

As Ilhas Canárias, ao largo da costa da África Ocidental, tornaram-se o principal destino de migrantes que tentam chegar a Espanha, com um número menor a tentar atravessar o Mediterrâneo para o continente espanhol. O verão é o período mais movimentado nas tentativas de travessia.

A notícia chega pouco depois de a Europa ter assistido a um dos piores naufrágios de migrantes no Mediterrâneo, quando um barco sobrelotado naufragou ao largo da costa grega.

Segundo a ONU, no naufrágio ao largo da Grécia foram confirmados 78 mortos e cerca de 500 pessoas ainda estão desaparecidas.
PUB