Pentágono dá conta do apuro das capacidades militares de Pequim

por RTP
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O aparelho militar chinês está a aumentar o número de operações dos seus aviões bombardeiros, numa agenda que Washington vê como a preparação para um cenário de confronto militar com os Estados Unidos e os seus aliados. De acordo com um relatório do Pentágono, Pequim terá excedido 190 biliões de dólares em gastos no departamento da Defesa só em 2017, no que será uma jogada para alargar a sua influência global.

“Nos últimos três anos, o Exército de Libertação do Povo expandiu rapidamente as operações dos bombardeiros sobre os mares, ganhando experiência em áreas marítimas sensíveis, estando possivelmente a levar a cabo treinos para enfrentar os Estados Unidos e os seus aliados”, refere o relatório do Pentágono.

O texto da Defesa norte-americana assinala que Pequim estará a tentar alargar a sua área de influência na região do Pacífico. Por exemplo, há um ano seis bombardeiros chineses H-6K sobrevoaram o Estreito de Miyako, a sudoeste das ilhas japonesas, realizando pela primeira vez uma manobra que os levaria a norte, para voarem a leste de Okinawa, onde estão estacionados 47 mil militares norte-americanos.

Trata-se de um texto que vem a lume no momento em que a China e os Estados Unidos estão a combinar conversações sobre o comércio que possam evitar um conflito total espoletado pela recente decisão do presidente norte-americano, Donald Trump, lançar tarifas às importações de aço e alumínio.

De acordo com o relatório, os Estados Unidos não conseguem determinar exactamente qual é a intenção de Pequim com estas demonstrações de força.

Washington e Pequim mantêm assim um braço-de-ferro com os Mares do sul da china a ser um dos tabuleiros em que exercitam as suas habilidades. Este ano, a China fez aterrar vários bombardeiros nas ilhas e recifes desta área sensível, muito disputada por vários países - Vietname, Filipinas, Taiwan, Indonésia, Malásia, Brunei e China - apesar de estar sob administração dos chineses.

Já em Maio deste ano, o Pentágono passeou dois navios de guerra ao largo das Ilhas Paracel, no Mar do Sul da China. Na altura, Pequim avisou Washington para pôr termo a estas atividades que – sublinhou – ameaçavam a segurança e a soberania do país.

Os navios USS Higgins e USS Antietam entraram por águas do Mar do Sul China passando ao largo das Ilhas Paracel, assim designadas pelos navegadores portugueses, que se referiam a "parcel" ou "pracel" como locais de águas rasas.

Pequim diz-se soberana neste território marítimo e construiu nos últimos anos várias ilhas artificiais nessas águas onde antes apenas despontavam porções de terra. Tomando o poder administrativo da região, impondo-se com o seu poder bélico e contra decisões judiciais de tribunais internacionais, instalou infraestruturas militares, várias delas com capacidade nuclear, de acordo com os serviços de informações norte-americanos.

A zona proporciona um xadrez político que tem sido jogado ao longo dos anos, essencialmente por Washington e Pequim. Não sendo inédita a entrada de contra-torpedeiros norte-americanos nas águas reclamadas pela China, os exercícios de há três meses impuseram-se contudo pelo número. Terá sido a primeira vez que os Estados Unidos usaram dois vasos de guerra nos exercícios militares que levam a cabo na região.

A questão passa também pelas rotas comerciais que cruzam aquele espaço aéreo e marítimo. São milhares de milhões de dólares em mercadorias que diariamente circulam naquela zona do globo e perder o seu controlo poderia significar perdas incalculáveis para a economia americana.
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