Pequim expulsa três jornalistas do Wall Street Journal

por RTP
Tingshu Wang - Reuters

O Governo chinês anunciou esta quarta-feira a expulsão de três jornalistas do diário norte-americano The Wall Street Journal que se encontravam em Pequim. A medida seguiu-se à publicação de um artigo, a 3 de fevereiro, intitulado “A china é o verdadeiro doente da Ásia”.

O Governo chinês decretou, segundo o Wall Street Journal, o prazo de cinco dias para os jornalistas abandonarem o país.

Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China classificou a publicação como sendo “racialmente discriminatória” e motivo de “indignação e condenação entre o povo chinês e a comunidade internacional”.

Acrescentou que é "lamentável, que o WSJ não tenha feito nada até agora para desviar a sua responsabilidade. Como o jornal não pediu desculpas oficiais nem nos informou do que planeava fazer com as pessoas envolvidas, foi decidido que a partir de hoje, as carteiras profissionais de três jornalistas do WSJ serão revogadas”.

De modo a demonstrarem o descontentamento em relação à presença da imprensa estrangeira, as autoridades chinesas têm implementado cada vez mais restrições à entrega de vistos aos jornalistas.

Os acessos ao jornal foram também bloqueados pela firewall chinesa. Para se ter acesso, é necessário o uso de um software que tenha a capacidade de alterar a localização do usuário, dando a entender que se encontram fora da china, divulgou o jornal The Washington Post.

À expulsão dos três profissionais junta-se uma campanha contra o WSJ, pela decisão de publicar o artigo.

A publicação foi feita pelo académico norte-americano Walter Russell Mead, que já reagiu às críticas na rede social Twitter.


“Uma palavra para os meus seguidores chineses: nos jornais norte-americanos, os escritores normalmente não escrevem ou aprovam os títulos. Discutem com o escritor sobre o conteúdo do artigo e com o editor sobre o título”, escreveu.
Descontentamento entre chineses e norte-americanos

O clima de descontentamento já se tinha iniciado, após os Estados Unidos comunicarem que iriam considerar cinco empresas mediáticas chinesas como extensões do Estado ou mesmo "missões estrangeiras", designadamente a Xinhua, Rede Global de Televisão da China, China Radio International, China Daily e People's Daily, salienta um funcionário do Departamento de Estado norte-americano.

Esta mudança significa que qualquer empresa mediática chinesa deverá ter a aprovação do Governo Federal dos Estados Unidos sempre que pretender arrendar ou comprar escritórios em solo norte-americano. E ainda deverá comunicar ao Departamento de Estados as alterações referentes aos funcionários.

O Ministério das Relações Exteriores da China descreveu a mudança como "irracional e inaceitável", acrescentando que a China ainda possui o direito de "responder mais sobre esse assunto".

Em 2019, um jornalista do Wall Street Journal havia sido sido expulso da China devido a um artigo sobre o primo do Presidente Xi Jinping. Tal como agora, o Governo de Pequim recusou-se a renovar a carteira profissional de Chun Han Wong.
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