Peritos das Nações Unidas condenam plano israelita de anexação da Cisjordânia

por Márcia Rodrigues - RTP
No Vale do Jordão, na Cisjordânia ocupada, um separador de betão adverte para o perigo de circular em zona de disparos frequentes Raneen Sawafta - Reuters

Um conjunto de peritos em Direitos Humanos da ONU afirma que o plano israelita de anexação de parte significativa da Cisjordânia, território ocupado por Israel durante a Guerra dos Seis Dias, viola a lei internacional, permitindo a tomada pela força desta zona com elevado potencial de conflito. Este grupo de peritos apela aos dirigentes mundiais para que se oponham de forma clara ao plano anunciado por Benjamin Netanyahu.

O documento comum divulgado em Genebra é assinado por 50 peritos das Nações Unidas, que assim expressam o seu repúdio face a um plano que consideram ilegal e que retira território a um futuro Estado palestiniano.

"A anexação de um território ocupado representa uma séria violação da Carta das Nações Unidas e da Convenção de Genebra, sendo contrária ao enquadramento legal fundamental consignado inúmeras vezes pelo Conselho de Segurança e pela Assembleia Geral da ONU, segundo o qual a aquisição de território através da guerra ou força é inadmissível”, pode ler-se no texto divulgado.

Os peritos em Direitos Humanos interrogam-se ainda sobre que tipo de futuro restará para a Cisjordânia se 30 por cento do território ficar sob soberania israelita, referindo-se ao possível resultado como um “Bantustão palestiniano”.

A anexação está prevista para o dia 1 de julho, mas tem havido dissonância de posições sobre o plano dentro do Executivo de Benjamin Netanyahu. O Governo de unidade nacional inclui o partido Azul e Branco, liderado por Benny Gantz, que nos últimos dias manifestou reticências sobre a dimensão do plano, não o tendo, apesar de tudo, colocado de parte. Gantz disse durante toda a campanha eleitoral que qualquer iniciativa neste plano teria que envolver a comunidade internacional e em particular os países árabes.


Os peritos dizem ainda que “as Nações Unidas já reiteraram em várias ocasiões que a ocupação israelita já com 53 anos é uma fonte profunda de violações dos Direitos Humanos contra o povo palestiniano”.

Segundo os signatários do documento, as violações incluem o confisco de terra, violência dos colonos israelitas contra palestinianos, demolição de habitações, excessivo uso da força, tortura e restrição à liberdade de expressão dos media. Os peritos acreditam que este tipo de violações será intensificado se a anexação ocorrer.
Tópicos
pub