"Perseverance" pousa em Marte sem problemas. "Olá mundo. O meu primeiro olhar à minha casa"

por RTP
A primeira imagem de Marte captada pelo rover da NASA Perseverance NASA

O rover Perseverance da NASA pousou na superfície marciana pelas 20h55 hora de Lisboa, de dia 18 de fevereiro de 2021. O término da viagem foi transmitido online e em direto para o mundo inteiro.

E para comprovar que tudo correu bem, a sonda enviou imediatamente imagens do local de pouso, na cratera de Jezero.

"Olá Mundo. O meu primeiro olhar à minha casa para sempre", tweetou o rover.


As imagens foram as primeiras captadas pelas câmaras do rover, ainda com a poeira da viagem e foram transmitidas em baixa resolução. Nos próximos dias, são esperadas imagens em alta resolução, o que irá demorar a chegada à Terra dos dados emviados pela Perseverance.

Antes disso, os "sete minutos de terror" da descida através da atmosfera, em que qualquer coisa poderia correr mal, tinham decorrido de acordo com as melhores expectativas, com os dados de telemetria transmitidos por sinais rádio e com um atraso de oito a 10 minutos relativamente ao que sucedia, a serem seguidos segundo a segundo.

Quando o robot, do tamanho de um carro e com cerca de uma tonelada de peso, pousou sem percalços, o alívio soou num aplauso generalizado no Laboratório de Propulsão da NASA perto de Los Angeles, Califórnia, onde técnicos e cientistas acompanhavam a última etapada da viagem de sete meses que colocou na superfície de Marte o quinto veículo robotizado da NASA.
A viagem de 472 milhões de quilómetros concluiu-se com uma queda através da atmosfera marciana a uma velocidade inicial de 19 mil quilómetros por hora, que foi abrandando até ao disparo do páraquedas que permitiu uma aproximação controlada à superfície.

A missão custou 2.7 mil milhões de dólares.
À procura de vida

Agora, começa outra fase, onde NASA e ESA, a Agência Espacial Europeia, irão colaborar na análise das descobertas proporcionadas pelo rover.

O Perseverance é apresentado como o laboratório de astrobiologia mais avançado de sempre. A sua missão será procurar traços da antiga vida microbiana no Planeta Vermelho e confirmar anteriores descobertas, de que Marte já teve água em estado líquido, além da presença de carbono e de outros minerais alterados pela água, considerados percursores da evolução da vida.

O rover também irá extrair recursos naturais da superfície marciana para avaliar o seu uso por humanos numa eventual futura colonização do quarto planeta do Sistema Solar, incluindo na produção de propulsantes capazes de ajudar astronautas a regressar à Terra.

"É realmente o início de uma nova era", afirmou Thomas Zurbuchen, associado da NASA para a ciência. A missão do Perseverance é a mais ambiciosa das quase 20 missões a Marta da Agência Aeroespacial norte-americana, iniciada em os voos das sondas Mariner em 1965.

O mais recente rover da NASA a chegar à superfície de Marte em 2012, Curiosity, ainda se mantém operacional, tal como a sonda estacionária In Sight, que chegou em 2018 e que tem estado a estudar o interior profundo do planeta.

Na semana passada, duas outras sondas lançadas pelos Emirados Árabes Unidos e pela China alcançaram a óbita marciana, juntando-se a três outros satélites da NASA e a dois da Agência Espacial Europeia.
Aposta segura
Com esta aposta, a somar ao Spirit e à Curiosity, os norte-americanos continuam a procurar vestígios biológicos em Marte. Sem perder a Opportunity, enviaram mais um sofisticado SUV científico.

A cratera de Jezero, onde pousou a Perseverance, é um lugar que se estima ter albergado água há cerca de 3,5 mil milhões de anos.

Créditos: NASA/DR

A Perserverance é, de todos os modelos já enviados pela agência norte-americana, o mais pesado (1.050 quilos), mas também o mais bem equipado, com 23 câmaras de media de alta resolução e uma broca para recolher amostras do solo.

Mas há mais.
Este carro blindado à prova da exigente meteorologia marciana também vai equipado com microfones, que prometem deliciar os cientistas e todos os interessados neste tipo de missões exploratórias, registando e enviando para a Terra os primeiros sons na superfície de outro planeta.

As surpresas não ficam por aqui, porque este supergadget terrestre ainda transportará um mini helicóptero de 1,8 quilos (Ingenuity), que irá sobrevoar várias zonas de Marte, transmitindo o sinal ao rover, que por sua vez fará chegar os dados e imagens à Terra.

Miguel Gonçalves, comentador da RTP para assuntos do Espaço, diz que este novo rover é um feito tecnológico e serve à comunidade científica para estudar a dinâmica de Marte. Apesar de haver uma enorme diferença entre os rovers chinês e norte-americano, o comentador diz-se muito curioso quanto aos resuldados que serão obtidos.
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