Israel declarou como persona non grata o presidente do Brasil. O ministro israelita dos Negócios Estrangeiros afirmou, esta segunda-feira, que Lula da Silva não é bem-vindo a Israel até que retire as acusações que fez ao comparar a ofensiva em Gaza com o Holocausto
“Em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel - diga ao presidente Lula que ele é persona non grata em Israel até que peça desculpa e retire o que disse", disse o ministro israelita, dirigindo-se ao embaixador do Brasil em Jerusalém, Frederico Meyer.
A reunião decorreu no Yad Vashem que, como referiu Katz, é "o lugar que testemunha mais do que qualquer outra coisa o que os nazis e Hitler fizeram aos judeus".
זימנתי הבוקר את שגריר ברזיל בישראל ליד ושם, המקום שמעיד יותר מכל על מה שעשו הנאצים והיטלר ליהודים, בהם בני משפחתי.
— ישראל כ”ץ Israel Katz (@Israel_katz) February 19, 2024
ההשוואה של נשיא ברזיל לולה @LulaOficial בין המלחמה הצודקת של ישראל בחמאס, לבין מעשיהם של היטלר והנאצים, שהשמידו 6 מיליון יהודים, היא התקפה אנטישמית חמורה שמחללת את… pic.twitter.com/QErDw4tElb
“Os comentários do presidente brasileiro são vergonhosos e graves”, escreveu Israel Katz na rede social X.
No domingo, durante uma intervenção na cimeira da União Africana, o presidente brasileiro comparou as operações militares israelitas ao extermínio de judeus promovido por Adolf Hitler, durante a Segunda Guerra Mundial, acusando Israel do genocídio dos palestinianos.
“O que está a acontecer na Faixa de Gaza não é uma guerra, é um genocídio. O que está a acontecer na Faixa de Gaza com o povo palestiniano (…) já aconteceu quando Hitler decidiu matar os judeus”, afirmou Lula da Silva, em Adis Abeba. ”Esta não é uma guerra de soldados contra soldados. É uma guerra entre um exército altamente preparado e mulheres e crianças”.
Benjamin Netanyahu reagiu horas após, considerando que “comparar Israel ao Holocausto nazi e a Hitler é cruzar uma linha vermelha”.
“Israel luta pela sua defesa e para garantir o seu futuro até à vitória, e fá-lo respeitando o direito internacional”, afirmou Benjamin Netanyahu, citado em comunicado.
O primeiro-ministro israelita descreveu mesmo as palavras de Lula da Silva como “vergonhosas e sérias” e argumentou que procuram “banalizar o Holocausto” e “o direito de Israel de se defender”.
Já o ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, criticou Lula da Silva, na rede social X, por apoiar “uma organização terrorista – o Hamas, e, ao fazê-lo, envergonhar o seu povo”.
As duas maiores entidades israelitas no Brasil juntaram-se também à condenação de Lula pelo Governo de Netanyahu, considerando "extrema e desequilibrada" a posição expressa pelo Presidente brasileiro.
“O Governo brasileiro está a adotar uma posição extrema e desequilibrada em relação ao trágico conflito no Médio Oriente, abandonando a tradição de equilíbrio e procura de diálogo na política externa”, afirmou a Confederação Israelita do Brasil, em comunicado.
A Federação Israelita do Estado de São Paulo, que reúne a maior parte da comunidade judaica no Brasil, também emitiu uma declaração, na qual afirma que "comparar a defesa legítima do Estado de Israel contra um grupo terrorista [...] com a indústria da morte de Hitler é de uma maldade infinita”.