Pesquisa comprova que orcas conseguem imitar sons humanos

por RTP
Wikie em 2013, no parque aquático de Antibes, no departamento de Alpes-Maritimes, na região de Provence-Alpes-Côte d'Azur, no sul de França Reuters

Uma orca fêmea foi capaz de reproduzir sons semelhante a Amy, hello ou byebye, demonstrou um estudo transversal de equipas da Grã-Bretanha, Alemanha, Espanha e Chile, publicado pelo jornal Procedimentos da Real Sociedade B: Ciências Biológicas.

Wikie tem 14 anos e vive em cativeiro em França. Já tinha sido treinada a copiar ações de uma outra orca sob estímulo de um gesto humano.

Desta vez, os investigadores tentaram comprovar a flexibilidade das orcas - também conhecidas como baleias assassinas - em reproduzir sons por imitação.



Além de sons humanos o estudo comprova igualmente a capacidade destes animais em copiar sons não familiares produzidos por outras orcas.

Os responsáveis pelo estudo esperam perceber desta forma como grupos diferentes de baleias assassinas desenvolveram dialectos distintos, comprovando a hipótese de que resultam de comportamentos de imitação entre estes animais, que incluem movimentos.

As orcas serão também capazes de imitar sons de golfinhos e de leões-marinhos.

"Queríamos perceber quão flexível pode ser uma orca ao copiar sons", explicou Joseph Call, professor em origens evolucionárias da Universidade de St Andrews e co-autor do estudo.

"Pensámos que, o que que seria realmente convincente seria apresentar-lhes algo não incluído no seu repertório - e neste caso hello não seria aquilo que uma orca iria dizer".
Diferente morfologia
O professor afasta a ideia de que a orca entenda o significado do som que está a reproduzir. "Não temos qualquer prova de que elas entendam aquilo a que se refere a palavra hello", refere.

Wikie não é o primeiro animal a conseguir reproduzir sons humanos: golfinhos, elefantes, papagaios, orangotangos e até baleias beluga foram captadas a imitar a fala humana. Para o conseguir usam diversos mecanismos.

Processos cerebrais e aparelhos vocais próprios dificultam a reprodução da fala humana por outras espécies. O estudo sobre Wikie prova contudo que a possibilidade existe.

"É isso que torna isto tão impressionante. Apesar da morfologia [das orcas] ser tão diferente, elas conseguem ainda assim reproduzir um som que é próximo do que outra espécie, a nossa neste caso, consegue produzir", refere Joseph Call.

Wikie começou por ser treinada através de outra orca a entender a ordem "copiar". O passo seguinte foi ensiná-la a papaguear três sons produzidos por outra orca mais nova, Moana. Finalmente, Wikie foi exposta a mais três sons de orca e a seis humanos, inluindo hello, Amy, ah ha, um dois e bye, bye.

A pesquisa concluiu que a orca fêmea aprendia rapidamente a copiar os sons, fossem de orca ou de humanos. Todos os sons novos foram reproduzidos num máximo de 17 tentativas e duas das vocalizações humanas e todas as de orcas foram repetidas logo à primeira vez.

Contudo, só um som humano, hello, foi pronunciado da forma correcta mais de 50 por cento das vezes em tentativas posteriores.

"Penso que temos aqui a primeira prova de que as baleias assassinas podem estar a aprender sons através de imitação vocal e isto é algo que poderá ser a base dos dialectos que observamos entre orcas selvagens - é plausível", conclui Stephen Call.
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